Em novembro de 2018 ocorreu o Congresso da Sociedade Internacional de Oncologia Geriátrica (SIOG) em Amsterdam, na Holanda. O evento contou com a participação do Dr. Antonio Fabiano Ferreira Filho, médico oncologista da Oncosinos e do Hospital Regina de Novo Hamburgo, que apresentou um trabalho científico, desenvolvido em conjunto com pesquisadores da Universidade John Hopkins.
Fundada em 2000, a SIOG é uma importante Sociedade Médica Internacional, com sede na Suíça, que conta com 1700 membros em 43 países e que possui como objetivo promover e melhorar em escala global os resultados em termos de cura e de qualidade de vida nos pacientes da terceira idade com diagnóstico de câncer.
Apesar de todo o medo que o diagnóstico causa, não é mais nenhum segredo que atualmente muitos pacientes podem entrar em remissão e viver suas vidas com boa saúde e plenitude. Ao redor do mundo, milhares de pessoas estão sobrevivendo a neoplasias que eram consideradas fatais há apenas uma década.
Estratégias estudadas são promissoras
Avanços no tratamento do câncer ocorrem de forma cada vez mais rápida e já estão disponíveis através da combinação de técnicas cirúrgicas e radioterápicas, bem como através do uso de medicações que atuam em alvos específicos, presentes nas células cancerígenas, do uso de medicações que bloqueiam crescimento de vasos sanguíneos tumorais (terapia antiangiogênica), bem como fármacos que desbloqueiam o sistema imunológico, permitindo que consiga reconhecer e atacar as células tumorais. Esta última estratégia citada chama-se imunoterapia do câncer, e rendeu há cerca de um mês atrás o Prêmio Nobel de Medicina deste ano.
Instrumentos de avaliação clínica também ajudam
- Junto a todas as inovações terapêuticas citadas acima, uma outra revolução também está em curso. Ela ocorre de forma mais silenciosa, porém não é menos importante. Trata-se do uso de instrumentos de avaliação clínica que nos permitem identificar de forma mais precisa o risco de complicações do tratamento, especialmente naqueles pacientes com mais de 60 anos. É importante ressaltar que este é o grupo etário com maior incidência de câncer e também onde a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as doenças vasculares e obesidade são mais frequentes. Nesta faixa etária, os efeitos colaterais e complicações tanto cirúrgicas, radioterápicas ou do uso de medicações anticâncer podem ser mais severos e de recuperação mais lenta.
Neste sentido, é preciso ter em mente que o tratamento do câncer não deve ser planejado de forma pontual, seja por cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou imunoterapia. Trata-se na realidade de um tratamento que exige, desde o seu início, um planejamento de médio a longo prazo.
A identificação precoce de um paciente com um risco aumentado de para-efeitos permite à Equipe Médica e Multidisciplinar um melhor planejamento e otimização do tratamento, que pode incluir uma pré-habilitação que irá melhorar as condições clínicas do paciente para que o tratamento possa ser instituído com mais segurança e efetividade.
Estamos assistindo e vivendo uma época extraordinária onde ocorre uma revolução no tratamento do câncer, com resultados cada vez melhores e, felizmente a custa de cada vez menos efeitos colaterais. Existe é claro, espaço para a descoberta de tratamentos ainda mais efetivos, então, o caminho a nossa frente é muito promissor.
Texto: Dr. Antonio F.Ferreira Filho/ Oncologista Clínico – CREMERS 18163/ Oncosinos – Hospital Regina
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