Região – Um dos crimes violentos que mais chocam a sociedade são os homicídios. Caracterizados pela brutalidade, pois normalmente, são execuções sumárias e sem possibilidade de defesa das vítimas, estes assassinatos ocorrem em sua maioria devido a disputa entre facções por territórios de venda de drogas, ou também, como uma espécie de ‘tribunal’ do tráfico, onde o traficante/membro que não segue a orientação hierárquica acaba sumariamente executado por comparsas ou quadrilhas rivais.
Através de uma consulta aos dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública (SSP/RS), foi possível constatar que apenas um dos seis municípios da área de abrangência do Repercussão Paranhana apresentou elevação abrupta dos índices criminais relativo aos homicídios.
Em Rolante que, historicamente, registrava uma média anual de dois homicídios, em 2018 e 2019 viu esse número mais do que quadruplicar. Se em 2017 foram apenas dois assassinatos, em 2018 esse percentual mais que quadruplicou e a Polícia Civil de Rolante registrou nove assassinatos. Nestes primeiros três meses de 2019 já são cinco homicídios. Para o delegado, Vladimir Medeiros, é um claro sinal da guerra por território entre as facções que comandam as contravenções como tráfico de drogas, roubos, furtos entre outros crimes conexos.
No gráfico ao lado o leitor pode conferir como se comportou as estatísticas de homicídios nos últimos três anos.
Delegado Regional do Paranhana
avalia redução em municípios
e cita esclarecimentos de casos
Para o delegado Regional, Heliomar Franco, a redução dos índices é uma tendência. “Taquara registrou uma redução sensível nos homicídios e isso é uma tendência para todo o estado. Os esclarecimentos dos fatos contribuem muito para essa diminuição, pois como há uma impunidade para esses crimes, eles começam a pensar duas vezes antes de cometê-los. A grande maioria dos casos envolve o tráfico de drogas, entre as facções criminosas, com disputas, e entre os próprios integrantes das facções também. Mas, em todos os casos houveram esclarecimentos, com os indivíduos sendo presos, o que contribui para a diminuição desses casos em Taquara e Vale do Paranhana”, cita Franco.
Região tem forte queda
- No comparativo com o ano de 2017, Taquara registrou queda pela metade em 2018. No ano passado, a PC registrou cinco homicídios, ou seja, menos de um por mês.
- O índice também caiu mais de 20% em Parobé, onde dos nove assassinatos registrados em 2017, o percentual caiu para sete homicídios, fruto do trabalho de investigação e prisão dos chamados matadores do tráfico.
- Mas, o município que passou em branco no aspecto dos crimes contra a vida, em 2018, foi Riozinho. No município, a Delegacia de Rolante não registrou nenhuma morte violenta em 2018, e nestes primeiros meses de 2019 também não ocorreram assassinatos. Confira a opinião dos delegados locais.
Delegados avaliam estatísticas
Delegado da Polícia Civil de Três Coroas e Igrejinha, Ivanir Caliari
“A diminuição dos homicídios em Igrejinha e Três Coroas se deve muito também ao nosso índice de esclarecimento de cada caso. A gente possui grande êxito em identificar os autores dos homicídios. Eu sou delegado das duas cidades desde março de 2015. Nesse período até agora possuimos um bom índice e qualificado de investigação, com a identificação dos autores e participantes dos crimes de homicídios. O comprometimento do Ministério Público e do Judiciário frente essas apurações nos ajudam a ter um bom desempenho também”.
Delegado da Polícia Civil de Rolante e Riozinho, Vladimir Haag Medeiros
“Rolante possui um histórico de homicídios de um a cada ano. No máximo duas mortes e alguns anos até mesmo nenhuma. Isso vem até 2017, pois 2018 os números cresceram muito. Ao todo foram nove mortes, todas elas da guerra do tráfico, com facções executando rivais. Apesar desse lado negativo no aumento dos números, em todos os casos a Polícia Civil trabalhou com dedicação, de modo em que todos os incidentes, houveram prisão, responsabilização e conclusão dos inquéritos a justiça. E em 2019 já são cinco mortes, todas relacionadas ao tráfico de drogas, mas estamos trabalhando aos crimes dolosos contra a vida, de maneira absolutamente prioritária”.
Delegado da Polícia Civil de Parobé, Rafael Sauthier
“Homicídios são crimes cuja a previsibilidade é bastante difícil. Eles ocorrem em situações de violência doméstica, desavença familiar ou não e dentro de facção de crime organizado. Em Parobé, a maior parte se deve a execuções de facções e tráfico de entorpecentes. Elas se acirraram nos anos de 2017 e 2018, todas por pessoas muito bem armadas, com fuzis e pistolas importadas. O centro de tudo está nos mandantes e executores. Nós trabalhamos sempre nessas pessoas. Por isso, no início de agosto de 2018 conseguimos prender um dos principais autores desses homicídios e junto com ele, um fuzil e algumas pistolas 9 milímetros. Com isso, a sequência de execuções foi interrompida”.