Taquara – Uma mulher de 43 anos era uma das pessoas vivendo em condições sub-humanas na clínica do terror, fechada na semana passada pela Polícia Civil, na localidade de Santa Cruz da Concórdia, em Taquara. Ela é uma das testemunhas já ouvidas pelo delegado Valeriano Garcia Neto e seu depoimento é chocante.
Acolhida em um lar temporário de Taquara, onde está sendo alimentada e vivendo em condições dignas, ela detalha os momentos de terror vividos na clínica clandestina. A mulher era obrigada pelo homem e seu enteado, investigados por serem responsáveis pelo espaço, a fazer todo o serviço da casa. Além de passar fome, também tinha que ver os idosos piorando a cada dia. “Me obrigada a fazer o serviço, limpar casa, lavar louça, secar louça, lavar roupa, a mão no tanque. O que mais? Trocar os pacientes, trocar fraldas, dar banho de chuveiro”, denunciou ela.
ESTUPROS OCORRIAM EM DIVERSOS LOCAIS DA CLÍNICA DO TERROR
Além do trabalho análogo à escravidão, ela relata que era estuprada semanalmente pelos investigados. “Era duas vezes por semana, pelos dois. Senão os dois juntos. Ou em situações separadas. Duas vezes por semana, em torno de duas horas da manhã”, relatou. Conforme a vítima, os abusos ocorriam em diversos locais da casa, inclusive, no pátio. “Era na sala de jantar, na outra sala, próximo à lareira ali, já foi na cozinha, já foi até no quarto dele. Até no quarto dele! Era por toda a casa. Mas, mais na rua (pátio)”.
O relato da vítima é peça importante da investigação da Polícia Civil, que ainda tenta a prisão dos suspeitos, assim como a localização de pelo menos cinco corpos de idosos que teriam morrido na clínica.
O QUE DIZ O ADVOGADO DOS INVESTIGADOS
O advogado dos investigados, Jean Severo, nega todas as acusações contra seus clientes. Sobre os estupros ele reitera: “Completamente falsa essa acusação, está partindo de uma pessoa que me parece, com informações de ela tem até problemas mentais. Isso nunca aconteceu. Eu não consigo te dar mais esclarecimentos porque o delegado não me deu vistas do inquérito. Então, não tenho acesso a muito coisa. Essas acusações, principal essa (estupro), são falsas”.
Sobre os possíveis corpos que sumiram da clínica, ele também nega a veracidade da denúncia. “Isso partiu de denúncias e elas são falsas. Conversei com os proprietários e isso nunca aconteceu, de sair corpos de lá. Não existe isso aí”.