Deivis Luz e Lilian Moraes
da Região
Informações desencontradas. Espera por notícias. Angústias. Frustrações. Misto de emoções que se confundem com a esperança de reencontrar um familiar querido. Essa é a realidade das famílias que buscam por pessoas desaparecidas no Vale do Paranhana.
Embora os números dos casos registrados ainda sejam vagos, nos últimos três meses, moradores de, no mínimo, quatro cidades do vale convivem com a agonia de não encontrar um familiar seu desaparecido. Segundo o Delegado Heliomar Athaydes Franco, titular da Delegacia Regional de Gramado, há casos de desaparecidos em Riozinho e Taquara, além de ocorrências em Igrejinha e Parobé, todos ainda sem solução. Sobre estas situações, o delegado explica que a polícia trabalha nestes casos até “exaurir todas as possibilidades”, o que acaba estendendo as investigações, pois em muitos dos fatos novas provas vão surgindo depois de um longo período após o desaparecimento.
O caso mais recente registrado é o do senhor Angenor Feller (encontrado na sexta-feira, 13), morador de Igrejinha, que está desaparecido desde o dia 09/12, quando foi visto pela última vez por câmeras de vigilância de um posto de gasolina próximo ao parque da Oktoberfest e, logo em seguida, também foram registradas imagens do mesmo senhor pelo monitoramento da empresa de calçados Beira Rio.
De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Igrejinha, Joni Feltes, as buscas foram realizadas na mata, perto da propriedade do idoso e na tarde de quinta-feira (12), ele também foi procurado no rio.
Delegado esclarece importância dos registros dos desaparecidos
Os casos de desaparecimentos normalmente são encarados com um certo desespero por quem enfrenta esse tipo de situação. Ciente dos fatos, o delegado Heliomar explica que é essencial que as pessoas registrem o desaparecimento logo após o fato: “existe uma lenda que foi criada que as pessoas precisam esperar 24h para fazer o registro na delegacia. Não precisa! Se for constatado o desaparecimento, deve ser registrado imediatamente”, comenta.
Titular da Delegacia de Polícia Metropolitana (DPM) contextualiza casos de desaparecimento
Com experiência de ter atuado na Delegacia da Criança e do Adolescente (DECA), em Porto Alegre, a delegada Adriana Costa, hoje, responsável pela Delegacia de Polícia Metropolitana (DPM), reforçou alguns dos procedimentos adotados, em todo o estado, quando familiares registram o desaparecimento de pessoas: “é possível registrar em qualquer delegacia e não precisa ser na cidade onde ocorreu o desaparecimento. Quando há possibilidade, indicamos aos comunicantes apresentarem dados, pistas e fotos. Mas, mesmo sem essas informações registramos a ocorrência normalmente”, explica a delegada. Na Capital, em Porto Alegre, existe uma delegacia especializada em desaparecimentos. Mas, na região Metropolitana e nos vales do Sinos e Paranhana, a responsabilidade recai sobre as equipes investigativas de rotina das próprias delegacias.
Primeiras medidas de investigação
A delegada Adriana Costa esclarece ainda que a investigação depende muito dos fatos que se apresentam: “independente se é criança ou adulto, o primeiro passo é buscar informações com a família, buscando às razões para o desaparecimento, se está ligado a outro crime. Posso afirmar que os casos de crianças desaparecidas são minoria. Mas, de adolescentes, são vários casos. Estes ocorrem, entre outras razões, por esses jovens desaparecidos estarem sofrendo crimes ou violações dentro ou fora de casa. Assim, isso acaba contribuindo. Além disso, também existe muito forte aspectos de inserção do desaparecido(a) no mundo do crime, em especial, o tráfico de drogas, e até, início de casos de relacionamentos amorosos, em especial, iniciados pela internet. Por isso, orientamos os pais a analisar o comportamento dos filhos”, cita. O delegado de Sapiranga, Fernando Pires Branco, também teceu comentário sobre essa temática: “os desaparecimentos são comunicados na delegacia e imediatamente são repassados para o setor de investigações apurar. Todos os casos são apurados, mas casos que envolvem crianças tem prioridade”, conclui o delegado da Polícia Civil de Sapiranga.