Nos últimos dois meses o preço da carne bovina sofreu um significativo aumento e deixou os consumidores e comerciantes da proteína um tanto quanto assustados. No entanto, as expectativas do mercado – que espera por uma pausa nesse aumento – não são as melhores, pois as perspectivas são de que os preços só registrem uma baixa no segundo semestre de 2020.
Um dos fatores que contribuíram com este aumento no Brasil está em um surto de peste suína africana que atingiu um número considerável do rebanho existente na China e acabou impulsionando o interesse dos asiáticos na carne brasileira. Sendo assim, aliados ao aumento do preço do dólar, fica financeiramente mais atrativo para o produtor brasileiro, encaminhar a sua produção para fora do Brasil.
A reportagem do Repercussão Paranhana conversou com o dono de um restaurante da cidade de Igrejinha, que confirmou ser um momento difícil para o mercado brasileiro: “o que aconteceu foi que as grandes empresas que exportam, aumentaram seu volume de exportação pois a China e outros países tiveram a chamada peste suína. O primeiro item a subir foi o porco. Após, eles começaram a substituir na alimentação deles a carne suína pela nossa carne vermelha. Isso fez com que valorizasse o boi para quem produz”, explicou.
Restaurante taquarense sentiu impacto, mas repasse no preço final foi mínimo
Os proprietários do Restaurante Novo Ponto também comentaram sobre o aumento do preço da carne. De acordo com os responsáveis pelo estabelecimento, são comprados para o restaurante cerca de 1800 kg de carne (incluindo frango, peixe e suína) por mês e todas “subiram três, quatro vezes, dentro de 45 dias, em média 6% do que foi repassado à nós”, comentou Elton, um dos proprietários.
Além disso, Elton disse que embora relutante, não conseguiu não aumentar o seu preço: “nos dois primeiros aumentos segurei meu valor, mas esse último que deu não consegui manter mais meu preço, pois não iria conseguir manter minhas finanças com três aumentos em períodos curtos”, explicou. Mesmo assim, Elton revelou que não repassou mais do que 2% no preço final da comida servida no local.
Exportações são comemoradas
- Se por um lado tem gente que lamenta o preço da carne, por outro, há quem comemore. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne informou através de uma nota que as exportações brasileiras devem fechar o ano de 2019 com um novo recorde de valor e faturamento. De acordo com o comunicado “a estimativa é de que os volumes embarcados alcancem 1,83 milhão de tonelada e receitas de US$ 7,5 bilhões. Caso se confirmem, os números representariam um crescimento de 11,3% e 13,3%, respectivamente, superando as projeções realizadas no final de 2018 e consolidando o ritmo de crescimento das vendas brasileiras”, informou a nota. Além disso, para o presidente da ABIEC, Antônio Jorge Camardelli, o resultado é considerado positivo “principalmente pela ampliação de mercados consolidados, demostrando a qualidade e competitividade da carne brasileira”.
Crise no mercado reflete no preço
O responsável pelo restaurante igrejinhense, citado no início da matéria, explicou que o estabelecimento acabou precisando repassar um aumento no preço final do alimento: “não iríamos repassar ao cliente se fosse algo passageiro. Fim de ano, os preços sempre aumentam em média 20 a 25% por causa da demanda, mas este ano foi maior e deverá demorar a baixar”, pontuou. De acordo com o empresário, o estabelecimento precisou repassar um aumento de menos de 10% aos clientes, o que acabou baixando a margem de lucro do restaurante.