Igrejinha – A história de uma cidade se constitui de diversos elementos. Muitos deles bons, mas também existem momentos que são recordados com amargura. Lembradas principalmente pelo grande luto que causam e pelo dano que impõem ao patrimônio, as grandes enchentes ainda são vivas na memória de muitos igrejinhenses.
Quem viveu na pele a enxurrada que deixou a cidade embaixo d’água em 28 de junho de 1982 foi Alvarena de Fraga, de 54 anos. Hoje atuando em um salão de beleza e morando em Canela, ela recorda com tristeza o episódio: “Eu morava em uma casa na rua Tristão Monteiro, no bairro XV. Naquele dia fomos surpreendidos com a enchente. Minha mãe não quis sair de casa para cuidar dos meus avós, então eu e meu irmão fomos nadando buscar ajuda na sociedade 13 de Janeiro. O pessoal foi de barco tentar nos ajudar, mas não adiantou. Tivemos que esperar a água baixar e perdemos tudo de dentro de casa”, relembra. Além da mãe e dos avós, Alvarena morava com quatro irmãos no local.
Já o aposentado Alceno da Silva, 65, não sofreu diretamente com o desastre natural. “Eu pagava aluguel em uma casa no bairro Invernada, mas ela não foi atingida porque era alta. Não entrou água, mas não tive como sair de casa por mais de um dia porque a estrada tinha virado um rio. Eu via passar na correnteza botijão de gás, roupeiro, e até alguns animais”, conta. Alceno recorda que na época ele, assim como outras pessoas, faziam todo o possível para ajudar os mais atingidos.
Também relacionado aos altos índices pluviais, o deslizamento de terra no bairro Saibreira II em abril de 2011 deixou suas marcas. Sete pessoas foram vítimas fatais do episódio, que destruiu completamente cinco casas. O comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Igrejinha (CBVI), Joni Feltes, relembra que as equipes de busca começaram os trabalhos por volta de 6h30 e terminaram após as 21 horas, quando a última vítima foi encontrada. “Solicitamos ajuda (das corporações) de Taquara, Três Coroas, Rolante e Nova Petrópolis. Um grupo de resgate de Porto Alegre também ajudou”, diz.
Em seus primeiros meses à frente do CBVI na ocasião, Joni afirma que foi um divisor de águas. “A pressão era muito grande, com famílias e amigos querendo resultados. Tivemos um trabalho árduo por horas para chegar a um dos meninos e tirar ele com vida do meio dos destroços”, recorda o comandante.
Detalhes da operação de resgate
A coordenadora da Defesa Civil de Igrejinha, Alessandra Azambuja, conta que participou dos trabalhos em 2011. Ela explica que o grupo de busca da Capital utilizou dois cães farejadores para localizar as vítimas. Quando encontrados, era feita uma avaliação se máquinas podiam ir até o local ou se era necessário escavação manual. “Foi bastante marcante. Lembro que tínhamos um feriado e alguns moradores do local estavam viajando. Teríamos mais vítimas em uma semana comum”, contextualiza.