Três Coroas – O filho de Abílio Port, 75 anos, morto na quarta-feira a noite em uma tentativa de roubo, concedeu uma entrevista exclusiva ao Grupo Repercussão no final da manhã desta sexta-feira, dia 24, véspera de Natal. Ainda muito abalado por tudo que ocorreu, ao ver o pai ser morto com disparo de arma de fogo e também por ter sido baleado, ele diz que a fé será seu pilar para superar esse momento tão difícil para a família. “Meu pai era tudo pra mim, sempre estávamos juntos. Somos agricultores e tudo que eu fazia, sempre pedia a opinião dele. Estou sem chão. Foi muita maldade o que fizeram”, desabafou ele.
FILHO TENTOU PEDIR SOCORRO AO ACUSADO DE SER MENTOR DO ROUBO
Pai e filho foram rendidos logo após às 22 horas de quarta-feira, quando se aproximavam de casa, na localidade de Canastra Alta, em Três Coroas, quase divisa com Canela. “Estávamos chegando na propriedade quando nos deparamos com um veículo atravessado na rua. Logo falei para o pai: ‘isso aqui está estranho, é um assalto'”. Quando as vítimas estavam próximas, um dos bandidos simulou que precisava de ajuda com o pneu. O filho, então, respondeu, que era para empurrar o carro um pouco mais para o lado que ele ajudaria. Quase que de imediato, outro bandido, que estava dentro do veículo, gritou: “Perdeu playboy!!”. Nervoso, o filho tentou se desvencilhar do roubo. “Estava escuro, pensei que eles iriam matar nós e conseguimos andar para trás cerca de 30 metros. Foi aí que eles começaram a atirar. Batemos o carro e eles seguiram atrás da gente, quando chegaram do lado, atiraram ainda mais. Bati o carro neles e conseguimos descer um barranco”.
Abílio foi atingido com um tiro no abdômen e morreu a caminho do hospital.
Os bandidos fugiram e o filho tentou pedir socorro. E ele foi justamente em um vizinho, que é seu parente e ontem à noite, após 24 horas de trabalho intenso da polícia, foi preso como um dos mentores do assalto. “Pedi ajuda a ele. Isso é inacreditável. Era alguém em quem confiávamos. Ajudamos muito ele e o filho (também preso). Eu não morri por sorte e só vi que eu tinha sido atingido com um tiro na mão mais tarde, quando os bombeiros vieram falar comigo”.
AGRADECIMENTO AO TRABALHO DA POLÍCIA
Apesar de todo momento conturbado, o filho faz questão de agradecer ao empenho da Brigada Militar e Polícia Civil, assim como o suporte que recebeu dos bombeiros e de todos que ajudaram. “Eu tiro o chapéu para eles (policiais). Eles foram eficientes, agiram rápido, falaram comigo e me mantiveram informados o dia todo. Foram investigando e conseguiram descobrir tudo. Agradeço a todos. Agora também consigo ficar um pouco mais tranquilo, pois estava com medo, sem saber o que havia acontecido”.
“ERÁMOS PARCEIROS. O SENTIMENTO É DE VAZIO”, LAMENTA O FILHO
Pai e filho tinham um relação muito próxima. “Sou agricultor e estava seguindo com o negócio iniciado por eles. Éramos parceiros, para tudo eu contava e pedia a opinião dele. Nunca fazíamos nada sozinho. Há pelo menos 38 anos vivíamos próximos assim, juntos. O sentimento é de vazio , um absurdo. Ter ele morrendo nos meus braços; foi horrível. Temos muita fé e é isso que esta me dando força”.