Três Coroas/Região – A construção de uma Central Geradora Hidráulica (CGH) no Rio Paranhana, em Canela, será o principal assunto de audiência pública que vai ser realizada na próxima segunda-feira, 1º de abril, em Três Coroas. O encontro acontece às 18h30, no Centro de Cultura. Participarão do encontro vereadores e representantes das cidades do Vale do Paranhana.
A informação surgiu no final do ano passado, quando representantes de Três Coroas foram chamados para um encontro em Canela, em que foram apresentados a um projeto de construção de uma hidrelétrica de pequeno porte. Porém, não houve debate, apenas apresentação do projeto, o que causou surpresa às lideranças de Três Coroas, que sequer foram consultadas sobre a possibilidade de instalação. A obra poderá ser realizada em um trecho do rio que fica em território canelense. Mas, tem gerado preocupação e rejeição na população dos municípios vizinhos que ficam na parte baixa do Paranhana, pois seu impacto poderá ser profundo na parte ambiental e socioeconômica, principalmente em Três Coroas.
A Central Geradora Hidráulica (CGH) Espírito Santo seria a responsável de instalar a nova hidrelétrica. Em contrapartida, a Prefeitura de Três Coroas vem se manifestando contra o projeto e já encaminhou ao Ministério Público uma carta de repúdio à construção da hidrelétrica. O promotor, Daniel Ramos Gonçalves, abriu o procedimento solicitando informações da Prefeitura de Canela sobre o projeto.
Segundo o empreendedor, a fase preliminar, que é o zoneamento, declaração de não-oposição do Município e Declaração de Anuência Ambiental, teria sido cumprida no município de Canela. E, agora, a empresa faz estudos necessários para solicitar as licenças ambientais (prévia, instalação e operação) junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (FEPAM).
Técnicos defendem que energia já é suficiente
- Segundo os técnicos da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), não existe necessidade de se construir novas hidrelétricas, pois hoje há oferta suficiente de energia elétrica na região. “Não há necessidade de construir uma nova hidrelétrica. E, se a energia produzida não fosse suficiente, outro tipo de geração de energia de menor impacto poderia ser implantado, como a produção eólica, por exemplo, que neste caso acusaria menor impacto”, destaca o secretário de Turismo, Indústria e Comércio de Três Coroas, Jonas Fetter .
Ainda, conforme Fetter, a construção afeta diretamente a prática de esportes radicais no município. “Aqui no Rio Paranhana tivemos competições nacionais e internacionais como o pan-americano e o campeonato mundial. E essa construção afetaria em muito a economia de nossa cidade, que tem no turismo um de seus principais pilares”, finaliza Fetter.
AL quer acelerar, mas Dalciso é cauteloso
No mês passado foi criada a Frente Parlamentar em Apoio às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na Assembleia Legislativa (AL, que tem por objetivo impulsionar a produção energética no Rio Grande do Sul. Nome forte do Paranhana e deputado eleito pela região, Dalciso Oliveira (PSB, foto), frisa que já recebeu manifestações de diversas associações esportivas e de turismo de aventura, que estão preocupadas com a possibilidade de serem construídas outras barragens na Serra, o que prejudicaria as práticas esportivas na região. “Precisamos de maiores detalhes sobre o funcionamento dessas barragens, o nível de segurança que elas possuem atualmente, as possibilidades de geração de energia e a manutenção das mesmas ao longo do tempo”, pondera Dalciso.
Em recente entrevista, Dalciso ainda lembrou da insegurança que este tipo causa na população, tendo em vista as tragédias de Brumadinho e Mariana, ambas cidades em Minas Gerais. “Essas tragédias impõem uma maior responsabilidade de nós, agentes públicos, em fiscalizar e ajudar na garantia da seguranção da população”, citou o parlamentar.