O olhar atento é de quem, dentro de poucos meses, completa três anos de vida. Apesar da pouca idade, em um futuro não tão distante, vai ter muita história para contar.
Hellena da Silva Smaniotto é moradora de Riozinho e filha de Aline da Silva e Natan Smaniotto. Logo que nasceu, travou uma batalha contra todos os prognósticos médicos e depois de dez meses internada em Porto Alegre, voltou para casa.
A mãe, que viveu de perto a agonia do período, conta como a bebê está atualmente. “Neurologicamente ela está bem. Faz fisioterapia disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em casa. Estamos em um processo para a retirada da traqueostomia que ela usa desde que saiu do hospital, além da sonda, que auxilia na alimentação”, revela Aline. “Ela está conseguindo comer pela boca, 50% ela já aceita. Alimentos mais pastosos. De uma forma mais resumida, podemos dizer que ela está vivendo as experiências e aprendendo o que não conseguiu no tempo em que esteve no hospital”, explica.
As cicatrizes da fase conturbada ficaram, mas Aline atribui a vitória, também, à fé. “Sem dúvidas”, confirma, com expressão de alívio.
Processo longo até a alta, no dia 18/11/2021

Hellena é gêmea de Victória. A dupla nasceu em 13 de janeiro de 2021, de forma prematura (27 semanas e três dias). Em princípio, ambas ficariam no hospital apenas pela condição precoce. No entanto, aos dois meses de vida, uma notícia nada agradável separou as duas: Hellena contraiu covid-19 e precisou ser entubada, ficando 45 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Victória retornou para casa.
Após um período delicado em que ela precisou de ventilação e passou por procedimentos necessários para o seu quadro, Hellena foi liberada para voltar para o quarto. Contudo, menos de uma semana depois, outro choque: a pequena acabou desenvolvendo uma bronquiolite, contraiu o vírus sincicial respiratório (VSR) e precisou voltar para a UTI.
Como os dois pulmões de Hellena foram afetados pelas doenças virais, a equipe teve que usar uma estratégia de ventilação mecânica, mas foi um processo longo e envolveu equipes de diversos setores até a alta.
Médico explicou
Embora seja incomum que crianças contraíssem covid-19 de uma forma agressiva, o doutor Luiz Braun Filho, médico intensivista pediátrico que acompanhou Hellena durante o período de internação no Hospital Criança Conceição (HCC), explicou o caso da pequena guerreira na época. “A peculiaridade da situação dela foi por ser uma bebê prematura, ter uma doença pulmonar, ter desenvolvido, também, uma covid-19 grave e já em cima dessa covid, ter feito outra infecção viral [bronquiolite por VSR], o que é bem mais comum na pediatria. Mas para uma criança que tinha tanta comorbidade, com ela foi pior. No caso da Hellena, teve essa piora significativa em um primeiro momento”, esclareceu.
Acompanhamento ainda acontece regularmente
Ainda que a fase de internação tenha passado, engana-se quem pensa que os cuidados terminaram. Aline conta que, em função do acompanhamento que Hellena ainda precisa, ela não frequenta a escola como os irmãos.”Vamos toda semana para
Porto Alegre, nos hospitais Conceição e Clínicas, onde ela vai porque está precisando de aparelho auditivo nas duas orelhinhas. Descobrimos recentemente essa necessidade dela”, conta a mãe, que enaltece a importância da ajuda que recebe da rede de apoio. “Meu marido, sogra, mãe, irmãos, todos ajudam como podem”, cita.