Simers recorre ao MP para intervir em situação de atraso nos salários dos médicos do Hospital Bom Jesus

Foto: Matheus Oliveira

Taquara – O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) informou que irá contatar os órgãos competentes e solicitar providências sobre os problemas no pagamento das remunerações dos médicos do Hospital Bom Jesus, de Taquara. Conforme o sindicato, alguns profissionais acumulam ainda pendências referentes a 2018.

Na última segunda-feira (03), a diretora de Região Metropolitana do Simers, Alessandra Felicetti, e o delegado sindical de Taquara, Fábio Strauss, reuniram-se com os médicos da instituição para identificar e encaminhar as demandas do local.

Atualmente, o hospital está sob administração da Associação Beneficente Silvio Scopel. Mesmo com os repasses da Prefeitura e do Estado em dia, a entidade não apresenta uma proposta de regularização dos débitos.

Os problemas de gestão têm afastado os médicos do hospital, comprometendo as escalas de plantão e ameaçando a qualidade do atendimento à população. A UTI da instituição, por exemplo, foi interditada no final de dezembro.

Alerta aos médicos
Para fechar as escalas de plantão, a Associação Beneficente Silvio Scopel (ABSS) tem contratado médicos de fora de Taquara. O Simers alerta aos profissionais da saúde que substituir colegas sem que estes tenham suas remunerações pagas configura infração ao código de ética, o que pode resultar em penalidades.

O Simers teve a iniciativa a partir do contato dos profissionais da casa de saúde. O presidente do sindicato médico, Marcelo Matias, ressalta a gravidade no atraso dos pagamentos. “Os médicos estão com seus salários atrasados. Isso é inaceitável e nós vamos atuar”, pontua o presidente. O próximo passo é levar a situação e as reivindicações ao conhecimento do Ministério Público.

Manifestação da Scopel
Ainda em janeiro deste ano a ABSS já havia anunciado a intenção de construir um plano para equilibrar as contas do hospital, de modo a retomar a sustentabilidade das finanças. Em nota divulgada à imprensa, a associação afirmou que é “uma empresa fundada há mais de 50 anos, que alcançou muitos méritos ao longo da sua trajetória, conquistando o seu espaço trabalhando de forma íntegra e incansável. É este histórico que a Associação Beneficente Silvio Scopel se orgulha de ter levado para diversas unidades de saúde pelas quais gerenciou no estado do Rio Grande do Sul.”

Tópicos considerados pela ABSS
Desde a segunda quinzena de janeiro, o escritório da Silvio Scopel, situado em Santa Cruz do Sul, tem sido o ponto de encontro entre a superintendência da ABSS, juntamente com uma empresa de auditores independentes, consultores em gestão hospitalar, associados, e com o diretor do Hospital Bom Jesus, Edson Izolan. O grupo discute:

– Mudança no calendário de pagamento divulgado pelo Estado e que culminou no atraso de salário dos colaboradores;
– Calendário de quitação de débitos atrasados de médicos e serviços terceirizados;

– Avaliação do real custo financeiro do Hospital Bom Jesus;

– Relatório sobre as razões pelas quais não houve o cumprimento de metas contratuais com as especialidades médicas;

– Montagem de um calendário mensal de prestação de contas junto à câmara municipal de vereadores e órgãos fiscalizadores;

Apesar das reuniões, ainda nada de concreto foi apresentado por parte dos diretores.

Resolução de todas as pendências
A Scopel sinalizou também sua intenção em regularizar as pendências. “Acreditamos que conservar a confiança de quem trabalha conosco é fundamental para continuarmos desenvolvendo o nosso trabalho com seriedade e honestidade, e é por isso que queremos iniciar o ano de 2020 anunciando diversas ações fundamentais que irão impactar positivamente no Hospital Bom Jesus, de Taquara.

No que tange aos encontros realizados, a entidade diz que “estas reuniões irão apontar, mediante relatórios, as dificuldades financeiras da instituição, e com base nestas informações será elaborado um planejamento de recuperação financeira e do que efetivamente será feito para resolver todas as pendências.

Simers e MP atuam
Após reunir-se com os médicos do Bom Jesus, a diretora da Região Metropolitana do Simers Alessandra Felicetti explica que o próximo passo é verificar junto ao Ministério Público o que pode ser feito. “Estamos aguardando a possibilidade de uma agenda com o MP para ver como está a situação. Sabemos que já existem algumas denúncias junto ao órgão, e por isso precisamos entender o que está em andamento”, observa. “Estamos tomando pé da situação para poder agir”, resume.