Silvio Scopel renuncia à gestão do Hospital Bom Jesus e futuro da casa de saúde é incerto

Foto: Matheus Oliveira

Taquara – A Associação Beneficente Silvio Scopel (ABSS), gestora do Hospital Bom Jesus, renunciou ao direito de intervenção e deixará de administrar a casa de saúde. Nomeada em dezembro de 2017 para dirigir o HBJ, a ABSS anexou um documento à ação civil pública relacionada ao hospital, informando que “a partir do dia 10 de março de 2020, a interventora não mais atuará como gestora do HBJ e, portanto, anuncia a sua retirada da gestão na data de hoje, dia 05 de março de 2020.”

No texto, uma série de elementos são descritos para justificar a atual situação de crise do hospital, que tem atrasado salários e fechado serviços, como a UTI e obstetrícia. Ainda nesta semana a ABSS anunciou restrição em todos os atendimentos, com exceção de pacientes com risco de morte.

A Silvio Scopel foi nomeada como entidade interventora para administrar o hospital enquanto que uma nova licitação decidisse um gestor definitivo, mas o que era para durar 120 dias já perdura por mais de dois anos. O motivo: uma série de problemas nas tentativas realizar a licitação. “Por mais de dois anos, o Município se mostrou incapaz de corrigir esse equívoco e veio à imprensa alegar que não houve interessados nos certames! Na verdade, nenhuma gestora acha interessante participar de um licitação cujo contrato não apresenta qualquer condição de ser exequível”, argumenta a gestora.

No documento, a ABSS atribui a situação de crise a uma suposta perseguição por parte do Município e do Estado, no que diz respeito aos repasses que devem ser realizados mensalmente, mas que têm sido repassados com constantes atrasos, tanto por problemas nas prestações de contas da gestora, quanto por não prestar serviços contratualizados. “Frustrar licitações, bloquear pagamentos, reter repasses, glosar quantias indevidamente, exigir formalismos não exigidos anteriormente, alterar entendimentos administrativos, gerar insegurança, dentre outros, são atitudes executadas pelo Município e pelo Estado do RS para instabilizar o atendimento no HBJ há um bom tempo”, argumenta a Silvio Scopel.

Diante deste cenário, a interventora afirma que, sem poder organizar suas questões financeiras, não faz sentido nenhum continuar à frente do hospital.