Risco de fechamento e corte de verbas: mais um capítulo na crise do HBJ

Foto: Matheus de Oliveira

Taquara – A situação de crise no Hospital Bom Jesus se agravou nos últimos dias. São pelo menos dois fatores que contribuem para isso: o primeiro, é o relatório emitido pelo Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), que aponta para a necessidade de intervenção ética na casa de saúde caso não haja regularização das inconformidades encontradas durante a última vistoria; o segundo, é o anúncio de interrupção dos repasses de R$ 300 mil que são feitos mensalmente pela prefeitura à instituição. Neste último caso, o motivo alegado pelo Executivo é a inconformidade na prestação de contas feita pela Associação Beneficente Sílvio Scopel (ABSS), atual gestora do HBJ.

Os contornos mais recentes sobre os repasses se desenharam na quarta-feira (23), quando o Ministério Público Federal notificou a prefeitura para que o dinheiro continuasse a ser encaminhado ao hospital. Questionado sobre a possibilidade de retomada dos repasses, o secretário de Saúde, Vanderlei Petry, afirmou que, apesar do aviso, o Executivo mantém sua posição.

Valores serão pagos após correções

“O convênio prevê que os recursos repassados sejam utilizados para manutenção do plantão clínico, pediátrico e gineco-obstétrico, além dos insumos utilizados para estes atendimentos. No último balancete contábil foi constatado que esse dinheiro também foi usado para outros fins, não previstos em contrato”, explica Petry. Ainda de acordo com o secretário, os valores voltarão a ser pagos tão logo sejam apresentadas as correções necessárias.

Situação com Cremers

A interdição ética indicada no relatório de vistoria do Cremers significa a não permissão para que médicos atuem no hospital, o que na prática leva ao fechamento do local. “A interdição só pode ser determinada no plenário do conselho. Para chegar a esse ponto o hospital precisa estar inviabilizado e não ter a mínima condição de funcionamento, com coisas que possam comprometer a vida dos pacientes. Coisas como equipamentos, manutenções, insumos e recursos humanos também contam na avaliação”, explica o coordenador de fiscalização do Cremers, Geraldo Jotz. A notificação emitida serve como um primeiro alerta para a diretoria do hospital, que recebeu um prazo de 15 dias para responder com soluções e/ou explicações às inconformidades apontadas. Em resposta à reportagem, a ABSS informou que os questionamentos do Cremers serão respondidos dentro do prazo e que diversas melhorias solicitadas já foram realizadas.

“A intenção do conselho não é fazer intervenção ética alguma, mas sim que o hospital tenha boas condições de trabalho para os médicos e que seja possível atender os pacientes com tranquilidade. A indicação serve para mostrar que a situação está crítica, que precisa melhorar”, ressalta Jotz.