Hospital Bom Jesus de Taquara continua em uma crise sem precedentes e o povo sofre

 Taquara – O depoimento da ex-administradora do Hospital Bom Jesus, de Taquara, ao Ministério Público Federal (MPF), em Novo Hamburgo, continua ocasionando diversos reflexos no âmbito da Prefeitura, Câmara de Vereadores, Promotoria Pública, Poder Judiciário e na ponta do sistema, que é a população. Em depoimento ao promotor federal, Bruno Alexandre Gutschöw, a ex-administradora, Alexandra Camargo, trouxe sérias denúncias do não atendimento de uma série de exames que deveriam ser prestados pela interventora, Silvio Scopel. Em depoimento prestado no MPF, a ex-diretora alertou para a fila existente na ressonância magnética, exames de cintilografias, biópsias de mama, próstata e hepática além de exames de tomografia.
Segundo a diretora, a ausência no cumprimento desses quantitativos implica no não atingimento de metas do contrato estabelecido com o Estado, o que prejudica o tratamento oncológico e outras especialidades. Outro fator alertado pela ex-diretora é que as cirurgias oncológicas aguardam pagamentos referente ao período de setembro de 2018 a junho de 2019. O Dr. Piraju Nicola Neto, em contraponto, esclarece que todos os pagamentos estão quitados, e há inclusive, dinheiro em caixa para futuras melhorias. “Através de uma auditoria interna, que demoramos 90 dias para estruturar um relatório, conseguimos apurar uma série de inconformidades que vinham ocorrendo na instituição”, disse Piraju em agenda na Câmara de Vereadores esta semana.

Números da espera

Ressonância magnética
64 pacientes aguardando na fila. 5 falecidos. 20 fizeram por conta. Contrato prevê 20 exames mensais

Exames de cintilografias
93 pacientes aguardando na fila. 7 falecidos. 27 realizaram por conta própria.Contrato prevê 30 exames de cintilografias mensais

Biópsias de mama, próstata e hepática
140 pacientes aguardam na fila. 21 falecidos. 33 já realizaram por conta própria
Contrato estabelece 20 exames mensais

Tomografia
168 pacientes aguardam na fila. 6 falecidos. 37 fizeram por conta própria. Contrato prevê a realização de 155.

O QUE DISSE A DIREÇÃO DA SILVIO SCOPEL
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“Não temos como manter alguém em um cargo de tamanha confiança, à partir do momento que tomamos conhecimento das suas inúmeras barbáries cometidas contra a saúde pública do município de Taquara e região as quais foram conduzidas de forma sorrateira e mentirosa. Confiamos, em todos os momentos à gestão do Hospital Bom Jesus, para uma pessoa que participava e tinha o poder de nos representar nas reuniões do Conselho de Saúde, CIR, SES, entre outros. Estranhamente o que me questiono é o por que, que somente agora ocorreram denúncias de irregularidades, provavelmente por ter sentido o seu cargo ameaçado devido as ultimas notificações administrativas que recebeu”, comentou o superintendente da empresa gestora do HBJ, médico Piraju Nicola Neto.

“Quando começamos a descobrir o que realmente acontecia no Hospital Bom Jesus, em se tratando da administração da unidade a qual fora mal conduzida, ficamos estarrecidos e agimos imediatamente. E pelo que podemos observar nos relatos da ex-diretora Alexandra, parece termos indícios que a mesma, estava trabalhando contra os princípios da moral e dos bons costumes da nossa empresa, afinal, era ela (Alexandra) quem conduzia todas as ações no hospital. Ao dizer que não compactua com a nossa forma de gestão, ela deve ter esquecido que era ela a responsável pelos atos praticados nesta Unidade, pelo que podemos observar, teremos muitas novidades indesejáveis, diante do que entendo ter sido conchavos com o consentimento da ex-diretora. Isso é preocupante e lamentável. Mas nos comprometemos em passar um pente fino em tudo o que aconteceu no período em que a Alexandra estava como Diretora, e assim que tivermos uma conclusão ou novos fatos tornaremos público”, relatou o presidente da Scopel Gestão Hospitalar, Juarez Lamb, ressaltando ser um momento onde a reflexão sobre todos os acontecimentos deve prevalecer e, sem acusações falsas ou desnecessárias, o mais importante é acreditar na justiça – referindo-se aos documentos entregues pela Scopel Gestão Hospitalar ao Ministério Público Federal (MPF) no decorrer do mês de junho/julho deste ano.
Acertando as contas com a comunidade
Tendo em vista a ex-diretora ter feito referências a uma série de procedimentos administrativos, elencamos aqui alguns tópicos que agregarão valor ao que será apresentado no decorrer dos próximos dias para a comunidade, porém, são importantes destacar no momento:

Metas
Sobre o comentário que as metas não estavam sendo atingidas, buscamos à partir da demissão da ex-diretora os motivos que inviabilizavam isso, tendo em vista que sempre que solicitada informava à direção da Scopel Gestão Hospitalar que estava ocorrendo dentro da normalidade, fato que, lamentavelmente, não era verdade.
Sendo assim, os quantitativos não foram alcançados por conta desse descaso, tendo, inclusive, manifestações contrárias a este tipo de atitude registradas em Ata da reunião da CIR.

Cirurgias oncológicas
Sobre o que foi dito na imprensa, relatando pagamento das cirurgias oncológicas em atraso desde setembro do ano passado, Alexandra Camargo não informou que o encaminhamento das cobranças foi feito por ela somente no mês de maio de 2019, de uma forma irresponsável, com a apresentação de valores errados que, no caso de pagamento, teria comprometido significativamente as finanças do hospital, documentos comprobatórios quanto a estes fatos já entregues ao MPF.

Transparência das ações
A realização de uma reunião que envolva as autoridades municipais, Conselho Municipal de Saúde, imprensa regional e comunidade está sendo trabalhada pela direção da Scopel Gestão Hospitalar para o decorrer da primeira quinzena de julho. Na oportunidade, além da apresentação oficial do novo diretor administrativo do Hospital Bom Jesus, serão apresentadas informações sobre o que realmente aconteceu na Casa de Saúde, prestando contas, inclusive, com o que foi apresentado ao Ministério Público Federal no decorrer do mês de junho.

O que foi dito pela direção à Câmara

Em uma agenda marcada de forma extraordinária pela Câmara de Vereadores, na segunda-feira (8), o dr. Piraju Nicola Neto, da Silvio Scopel, relatou que vem sofrendo ameaças de morte constantemente. “Minha administradora se associou com um médico do Hospital Bom Jesus e estava negligenciando números, procedimentos e estava jogando contra o município e o Hospital. Temos dinheiro em caixa, ao contrário da situação que encontramos quando assumimos o Hospital com R$ 3 milhões em dívidas. Acredito que exista uma máfia dentro do Hospital e isso precisa ser combatido. Sobre os exames de tomografia, as informações não chegavam até nós. Mas, qualquer exame de tomografia pode ser realizado em um terceirizado que contratamos”, disse.

O que a Kaplan rebateu

A crise no Hospital também atingiu a Kaplan, que rebateu com a seguinte nota: A KAPLAN possui tradição de quase 30 anos de excelência em serviços ambulatoriais em oncologia, não apenas no RS, mas em outras regiões do país. Para a PREVIONCO, presta serviços na região de Taquara há cerca de um ano. Neste período, jamais observou qualquer indício de irregularidade, dedicando seus esforços ao seu compromisso contratual, que visa o atendimento de excelência, atestado por pacientes, familiares e colegas.

Foto: Divulgação