Funcionários do Hospital Bom Jesus devem receber 13º parcelado em quatro vezes

Foto: Matheus de Oliveira

Taquara – Antes mesmo de cair na conta, o 13º salário já tem seu destino bem definido entre a maioria das pessoas que recebem o benefício. Ter uma gordura a mais no orçamento vem bem a calhar no fim do ano, que é marcado por momentos de festividades, presentes, férias e viagens. Para os funcionários do Hospital Bom Jesus, de Taquara, esta não foi a realidade. 

Com dificuldades financeiras, a entidade responsável por gerir temporariamente a casa de saúde, Associação Beneficente Sílvio Scopel (ABSS), propôs pagar em quatro vezes o benefício. A informação é do diretor da comissão de assuntos do interior do Sindisaúde-RS, Júlio Duarte. A entidade, que representa os profissionais da área da saúde, recentemente esteve reunida com a direção local do hospital. Conforme o representante, a ABSS projetou o pagamento do 13º de forma parcelada, com o primeiro vencimento a ser quitado até o dia 31 de janeiro. “Essa é uma situação preocupante. Precisamos lembrar que esse atraso gera multas que deverão ser incrementadas aos vencimentos, e também é contra a lei não fazer o pagamento total do valor até o dia 20 de dezembro”, coloca o diretor. 

Dinheiro emprestado

Conforme o representante do Sindisaúde-RS, a ABSS informou ainda que buscaria um empréstimo junto a uma instituição financeira para poder quitar o benefício dos funcionários do Bom Jesus. Através de sua assessoria, a ABSS declarou à reportagem que tanto o financiamento quanto o pagamento parcelado devem acontecer, mas não comentou a situação. 

Surpresa desagradável

O impasse sobre o pagamento do 13º salário foi uma surpresa desagradável para o quadro de funcionários da instituição. De acordo com uma profissional que integra um dos grupos de enfermagem do hospital, não houve a comunicação da dificuldade financeira e todos contavam com o valor. “Eles falaram para alguns funcionários que eles estavam esperando uma resposta do Estado, do prefeito, que não estavam repassando a verba, e por isso eles queriam pegar um empréstimo”, conta a técnica de enfermagem, que pediu à reportagem para não ser identificada. 

A profissional relata ainda que foi prejudicada pela situação. “Pra mim foi horrível porque eu tinha a formatura da minha filha, a gente já tinha organizado uma viagem, e só fomos porque realmente já tínhamos feitos as reservas. Viemos com pouco dinheiro porque eles não pagaram. Estava tudo certo pra que fosse pago, por isso reservamos tudo da viagem em janeiro e simplesmente eles não pagaram. Aí deixaram a gente na mão”, revela. “E ainda tem os materiais escolares dos meus filhos para comprar”, resume a funcionária. 

A atual presidente do Conselho Municipal de Saúde de Taquara, Deise Samanta Capoani, entende que a situação foge à lei. “Nós ficamos sabendo pela imprensa. Isso é algo que não acontece só com nosso hospital, mas conforme a lei não deveria estar acontecendo”, afirma.

Problemas com repasses e serviços 

Os problemas financeiros não são novidade. Recentemente os atendimentos em obstetrícia foram interrompidos no HBJ, resultado de um impasse entre a casa de saúde e a prefeitura. O Executivo alega vazio na prestação de contas; a ABSS defende que o município começou a obstaculizar o processo. Com isso, são pelo menos R$ 600 mil que deixaram de pingar no caixa até janeiro deste ano. O secretário de Saúde, Vanderlei Petry, informou à reportagem que o repasse correspondente ao período entre outubro e novembro, valor de R$ 300 mil, está em análise e deve ser pago essa semana, mas até o fechamento desta edição não houve a confirmação. 

A Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) também deixou de funcionar, por determinação da Secretaria Estadual da Saúde, que declarou em nota a falta de requisitos básicos para o atendimento.