Eles não podem sair da cama, mas nem por isso deixam de receber atendimento médico

Equipe atendendo o seu Adão, que há três anos está acamado recebendo o acompanhamento Foto: Matheus de Oliveira

Parobé – “É só eu que cuido da minha filha. Eu e Deus. E não tenho condições de sair com ela”. O relato de Osmilda Maciel Roos, de 60 anos, mãe de Maristela Roos, 41, reflete a realidade de muitos moradores de Parobé. A dificuldade de locomoção de alguns pacientes, no entanto, não é motivo para que falte atendimento médico.

 

Desde 2013, quando foi diagnosticada com uma doença degenerativa, Maristela é visitada em sua própria residência pela equipe do programa Melhor em Casa. Coordenadora do projeto, a enfermeira Maria Lucia Lampert explica que diariamente, de segunda a sexta-feira, pacientes acamados recebem a atenção do grupo. “Algumas doenças podem ser tratadas em casa. Também alguns casos específicos, como pós-operatórios ou pessoas que tiveram AVC (Acidente Vascular Cerebral)”, exemplifica. O tratamento domiciliar acontece até que haja estabilização do quadro. Após isso, o paciente é repatriado para a UBS de seu bairro.

 

“O critério para receber o atendimento é que precisa estar acamado mesmo. Se a pessoa consegue caminhar, isso já é um critério de exclusão do programa”, observa a enfermeira. “Todos os dias temos novos pacientes para atender”, acrescenta.

Atendimento multidisciplinar

Atualmente, a equipe multiprofissional de atenção domiciliar (EMAD) do município é composta por cinco integrantes: Ivanor Thomas (médico), Afonso Schuch (técnico em enfermagem), Camile Favretto (fisioterapeuta) e Roberto Martini de Oliveira (motorista), além da enfermeira coordenadora. Em casos específicos, há ainda uma equipe de apoio para ajudar, que conta com dentista, nutricionista, psicólogo e fonoaudiólogo. O programa tem cobertura em todos os bairros e localidades da cidade.

Opinião de quem usa o serviço

Marta do Nascimento Corrêa
“Meu esposo está acamado há mais de três anos e tem o acompanhamento deles. É muito bom. Eles ajudam muito. Não tenho queixa nenhuma. Sempre que preciso, eles estão atentos me ajudando, apoiando. Sou muito grata por eles”.

Osmilda Maciel Roos
“Em janeiro vai fazer oito anos que minha filha recebe o atendimento. É muito bom, eles são muito atenciosos. Fico preocupada quando troca de prefeito, de governo, que vão tirar, porque não tenho condições de sair com ela”.

Maria Lucia Lampert,
coordenadora do projeto “Esse cuidado domiciliar promove bem-estar para o usuário e para a família. Tem todo o conforto e o carinho de casa. Eles ficam muito contentes se são bem atendidos em sua residência”.

Desospitalização

Com o objetivo de desafogar os hospitais, em 2013, o Ministério da Saúde redefiniu a atenção domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) através da portaria 963, de 27 de maio. No mesmo ano, em agosto, o Melhor em Casa foi implantado em Parobé. Os recursos para custeio do serviço são das três esferas: federal, estadual e municipal.

“Além de diminuir a aglomeração em hospitais, o custo com o paciente em casa também é menor. Eles também têm mais conforto por estarem em suas residências. O programa proporciona bem-estar. Afinal, quem não gostaria de ter seu familiar tratado em casa?”, pontua a coordenadora Maria Lucia Lampert.

Programa de acompanhamento em casa tem capacidade para atender até 60 pacientes

No entanto, o grupo diz que já teve cerca de 80 pacientes. No início da semana, eram 35 cadastrados para receber a atenção domiciliar. “O tempo de atendimento e a quantidade de vezes que vai ser preciso fazer a visita depende muito da patologia”, descreve a coordenadora.

O serviço está operando com normalidade, mas chegou a acontecer de maneira diferente durante o pico da pandemia. “Nós nunca paramos, mas fizemos alguns atendimentos à distância, orientando alguns casos mais graves”, relembra. Todos os dias há um roteiro de trabalho traçado, mas não é incomum que apareçam outras ocorrências. Os profissionais salientam que o programa é de acompanhamento e não de urgência e emergência. Nestes casos, há encaminhamento para o hospital.

O médico Ivanir Thomas destaca que o programa tem uma parceria com o Hospital São Francisco de Assis, em que são disponibilizados curativos especiais que diminuem o tempo de cicatrização das feridas.