O número elevado de atendimentos, aliado à carência de hospitais preparados para realizar procedimentos de alta complexidade na região, causaram dias de angústia e sofrimento para a família de Teodolino Cavischioni Ricardo, de Riozinho.
Aos 72 anos, o idoso procurou assistência médica no final de maio, por conta de uma unha machucada. Ele teve ela arrancada, foi informado que a má circulação do sangue teria ocasionado o ferimento, e liberado. Mas o primeiro atendimento foi apenas o início da luta.
Com dores, precisou voltar para o hospital de Riozinho, onde ficou 23 dias internado. Neste período, segundo conta o neto André da Silva, a situação do idoso se agravou. “No dia 28/06 quase perdemos ele, não sabemos o que aconteceu. Mas ele perdeu o movimento do corpo, delirava muito, foi horrível o que passamos”, relembrou.
Pouco mais de 30 dias depois do primeiro atendimento e uma movimentação intensa por parte da família e do município para conseguir um leito de cirurgia em Porto Alegre, Teodolino passou por um procedimento na segunda-feira (4), perdendo parte da sua perna. “Tivemos que aceitar, pelo bem dele, pela saúde dele. Mas nunca mais será a mesma pessoa como antes”, lamentou o neto.
Leito foi obtido no hospital da Pontifícia Universidade Católica do RS – PUC
Atualmente, a referência para atendimentos de média complexidade para a região do Vale do Paranhana/Encosta da Serra é o Hospital São Francisco de Assis, de Parobé. Teodolino, inclusive, foi encaminhado para a casa de saúde, no entanto, devido à complexidade do caso, o hospital emitiu um documento que informava que não poderia realizar o procedimento, o que fez com que o nome do idoso voltasse para o Sistema de Gerenciamento de Internações (Gerint), para que o Rio Grande do Sul, através do setor de regulação, solicitasse um leito de cirurgia vascular de alta complexidade, o que aconteceu em julho, quando uma vaga no hospital da PUC foi obtida.
Município lamenta situação
- O caso do aposentado Teodolino concentrou as atenções do município também. Segundo o secretário de Saúde, Ramão Corso, a secretaria entrou em contato com diversos órgãos de saúde do Estado para buscar soluções, mas não obteve respostas efetivas. “O município se solidariza com a família e lamenta o descaso por parte da regulação e do Estado do Rio Grande do Sul que é quem tem, por lei, a obrigação de prover estes leitos”, comentou o responsável pela pasta.
Assim como em Riozinho, outros municípios também enfrentam dificuldades na busca por leitos. O secretário de Saúde de Igrejinha, Vinicio Wallauer, cita as carências. “Para contar com um serviço de alta complexidade, é necessário ter UTI com equipamentos de última geração para poder atender esses pacientes. Então, infelizmente, carecemos disso. Muitas dessas especialidades não temos condições de atender”, relatou.