Vieira da Cunha fala em manter Corsan sob controle estatal e avalia ações na saúde

Região – O promotor de Justiça, Vieira da Cunha, candidato ao governo do Estado pelo PDT, aproveitou a sua passagem pelo Grupo Repercussão para lembrar de atos administrativos do período que foi presidente da CEEE e de ações executadas pelo ex-governador Alceu Collares. “Quando eu assumi a CEEE no governo Alceu Collares eu tornei a empresa mais eficiente. Foi uma empresa superavitária. Não é porque uma empresa é pública que ela é mal administrada”, disse o candidato.

Sobre a Corsan, Vieira da Cunha foi enfático. “Eu vou interromper, imediatamente, esse processo de privatização da Corsan. Processo atabalhoado que atropelou todos os trâmites, tanto é assim que o Tribunal de Contas do RS (TCE/RS) mandou parar”, declarou o canadidato.

Saúde

“Vivemos um subfinanciamento na saúde. Historicamente, a tabela SUS é deficitária. Essa é uma responsabilidade do Governo Federal. Essa defasagem dos hospitais faz com que os hospitais atuem com muita dificuldade porque eles não recebem de volta o custo que eles têm de atendimento. Não são remunerados por isso e causa um desequilíbrio no sistema. Com isso, os prefeitos precisam aportar mais recursos próprios na saúde. Isso ocorre em decorrência dessa defasagem e se não colocar a população fica desassistida. Mesmo os prefeitos colocando mais, e boa parte dos prefeitos está investindo 30% em saúde, a população ainda sofre com as filas, com a demora no atendimento com especialistas. Sofre com a demora em cirurgias e tudo isso foi agravado com a pandemia. No ano passado, o Estado colocou apenas 10,4% do seu orçamento em saúde. Isso é um absurdo depois de uma pandemia e com toda a aflição da população. As pessoas morrendo na fila. As pessoas que estão na fila do tratamento do câncer, a demora pode ser a causadora de mortes. Se o tumor avança quando a pessoa vai receber o tratamento é tarde demais. Então, é um absurdo que o Estado não tenha colocado mais recursos nessa área. E a lei federal é clara e diz que tem que investir 12% e o Estado só investiu 10,4%. Felizmente, temos no Rio Grande do Sul uma grande rede de hospitais filantrópicos, beneficentes e comunitários que a própria população se organiza e gente que se doa sem ganhar remuneração para gerir esses estabelecimentos. Santas casas de misericórdias, são hospitais fantásticos que atendem 60-70% do SUS. O que o governo do estado precisa fazer e eu farei, é colocar mais recursos para que esses estabelecimentos hospitalares possam atender essa demanda reprimida da população através da contratualização. E tenho certeza que fazendo isso vamos atender essa angústia da população que, lamentavelmente, não tem sido bem atendida nessa área tão importante que é a saúde pública.”

Corsan

“Eu vou interromper, imediatamente, esse processo de privatização da Corsan. Processo atabalhoado que atropelou todos os trâmites, tanto é assim que o Tribunal de Contas do RS (TCE/RS) mandou parar. A ânsia de vender é tão grande desse governo, tanto é que tenho dito que esse ex-governador é um herdeiro perdulário, que é um cara que a família passou anos construindo patrimônio, gerações e gerações trabalhando, erguendo patrimônio e chega um determinado herdeiro e ele coloca tudo fora o que foi construído. Ele vive muito bem, festanças, charutos, mulheres lindas…queima tudo o que seus antecessores construíram de forma irresponsável, jogam tudo fora. A CEEE que eu presidi é de 80 anos, criada pelo Brizola. Eles venderam a preço de banana, são entreguistas, dilapidadores do patrimônio público. Me dá vontade de tirar eles de relho de lá, vamos tirar eles no voto. A água não é mercadoria. É um produto essencial à população. Não podemos colocar uma empresa privada para gerir a água. Recentemente, estive em Uruguaiana e privatizaram a água lá. Pergunta para o povo de Uruguaiana como eles estão satisfeitos com a empresa privada. Estão pagando mais caro e não melhorou em nada o serviço. É o que vai acontecer aqui se essa gente continuar. Quando eu assumi a CEEE no governo Alceu Collares, eu tornei a empresa mais eficiente. Foi uma empresa superavitária. Não é porque uma empresa é pública que ela é mal administrada. Os governos colocam gente incompetente ou gente intencionada para vender e começam a dar prejuízo para justificar a venda. Eles batendo o martelinho na Bolsa de Valores, rindo, não é deles esse patrimônio, é do povo gaúcho. Quando eu fui deputado estadual coloquei na constituição um dispositivo dizendo que tinha que fazer plebiscito para alienação do patrimônio público. O governador de plantão decidir que vai vender, tirar da Constituição Estadual esse avanço democrático, em um retrocesso e resolver colocar na ‘banha’ nosso patrimônio. Vou interromper esse processo, mas não vou aceitar ineficiência. A empresa pública tem que ser mais bem administrada que a empresa privada. Temos que ser zelosos com o dinheiro público.”

Educação

“Temos que reconectar a escola com a nossa juventude. Nós temos hoje o 4º pior índice de evasão escolar no Ensino Médio. A nossa gurizada e adolescentes estão abandonando a escola. Isso só se reverte com escolas de tempo integral. A escola honesta (Darcy Ribeiro, in memoriam). A criança fica o dia todo na escola, recebe o apoio da segunda professora, assistência médica, Collares quando foi governador construiu 90 CIEPs no Rio Grande do Sul. Brizola quando foi governador no Rio de Janeiro construiu 500 CIEPs. Eu quero governar para implantar em todas as regiões de vulnerabilidade social, aqueles locais mais pobres, mais miseráveis, um CIEP. Essa escola é revolucionária, ela transforma. Emancipa. O Darcy Ribeiro já dizia: – Um CIEP construído hoje é um presídio a menos que vamos construir amanhã. E tiramos essa criança do mundo do crime e das drogas. Esse é o meu compromisso. Até o final do meu governo teremos 200 mil crianças estudando em tempo integral no RS. Esse é o compromisso público que assumo.”

Rodovias

“Falta planejamento, organização, falta gestão nessa área aqui no Estado. Isso faz com que ocorra muito desperdício de dinheiro público. Temos recursos limitados para investimentos, se não temos uma boa gestão as coisas se complicam. Nós temos um plano de logística e esse tem que ser um Plano de Estado e não de governo. Essas obras maiores são obras de longo prazo e elas precisam ter continuidade, independentemente do governo. O governo precisa dar continuidade a essas obras se não o dinheiro vai para o ralo. E o que temos assistido é que o governo tem outras prioridades e nos propomos que esse plano de logística seja um plano de Estado, que passe governo e entre governo e que sejam dadas as continuidades a essas obras. Concessões e pedágios; bom sabemos que o Estado não tem recursos para atender todas as demandas nessa área de pavimentação. Até porque o Rio Grande do Sul está muito atrasado nos investimentos que precisa fazer nessas áreas. Para ter uma ideia, nós temos mais de 30 municípios no Rio Grande do Sul que hoje não tem sequer pavimentação asfáltica no seu acesso, ou seja, é chão batido e isso é inconcebível. Estamos atrasados e não temos o volume de recursos públicos necessários para investir na velocidade que essas comunidades precisam para terem suas demandas atendidas. Não sou contra as concessões. Atenção, desde que sejam bem feitas. Desde que discutidas de maneira democrática com as comunidades que precisam participar desse processo. Os prefeitos e nossos vereadores precisam ser ouvidos juntos com as entidades representativas, que precisam participar. Não pode ser uma meia dúzia de tecnocratas que decidam as coisas, onde vão se localizar as praças de pedágios e os valores. Temos que ter a participação das comunidades e tem que haver um processo democrático de consulta. Vamos ver o que o orçamento público pode entrar e o que pode ser acrescido. E vamos discutir para atender a obra X e a Y, vamos ter que conceder, estabelecer o prazo de concessão e vai ter a tarifa de pedágio X. Isso tem que passar por um processo de debate democrático com a sociedade para que a sociedade não diga que não é por aí. O governador precisa estar debatendo esse tema de maneira democrática e aberta. Não sou contra as parcerias, não sou contra as concessões, sou contra como normalmente ocorrem, sem a participação das comunidades e com tarifas que muitas vezes são extorsivas. Ocorre que empresas assumem estradas que foram feitas com dinheiro público e vão ali e colocam verniz em cima e já começam a cobrar dinheiro da população, que se sente explorada e com razão. Não somos contra esse modelo. Temos que buscar na iniciativa privada os recursos que o Estado não tem para fazer essas obras de grande porte.”