Segue por tempo indeterminado greve dos professores

Foto: Matheus de Oliveira

Região – A greve dos professores da rede estadual de ensino completa 20 dias nesta sexta-feira (06) e não há previsão de ser encerrada, conforme o Cpers Sindicato – principal núcleo de representação da categoria. De acordo com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), das 2,5 mil escolas distribuídas pelo território gaúcho, cerca de 410 participam do movimento com paralisação total. Em outros 650 educandários a adesão é parcial.

“Cerca de 62% das escolas da região aderiram ao movimento. Em pelo menos 12 a greve é total”, aponta a diretora geral do núcleo taquarense do Cpers, Simone Goldschmidt. Além de abranger todas as cidades do Vale do Paranhana, outros seis municípios da região são atendidos pelo sindicato em Taquara. “O pacote inteiro de Eduardo Leite atinge a categoria. Ele não foi construído por pessoas ligadas à educação. Faz parte de um projeto de economia, mas não tem elaboração no âmbito educacional”, avalia a diretora. “Não se restringe só à área da educação. É um projeto de morte do serviço público”, resume.

ALUNOS AGUARDAM DESFECHO

Os professores protestam contra a proposta de alteração do plano de carreira do magistério, que foi enviada pelo governo ao parlamento. Dentre as alterações descritas no projeto estão o aumento na idade mínima e tempo de contribuição para aposentadoria; redução do pagamento sobre férias e modificações nos avanços de quem faz carreira no serviço público. Enquanto o impasse não é resolvido, milhares de alunos aguardam em casa o desfecho. Conforme a Seduc, ainda não há definição sobre datas de recuperação.

O que dizem os professores

“Um dos piores pontos é o congelamento de salário. Já estamos há cinco anos nesta situação, e o pacote congela por pelo menos mais 10. Isso vai levar a educação ao colapso”, define Greice Weid, diretora da EEEF Rodolfo Von Ihering, de Taquara. “Meus colegas vão começar a ter outro emprego. Não vai mais ter como trabalhar só como professor e a profissão vai se tornar um bico. Não vai ter como um professor se sustentar. A qualidade vai cair muito”, projeta. A diretora ainda ressalta que o pacote reduz muito a atratividade da área.

Já para a professora de história Daiane Gonçalves, que atua no colégio estadual João Mosmann, em Parobé, o mais complicado é o fim das vantagens temporais. “O fim dos triênios, quinquênios e avanços tiram o incentivo ao funcionário fazer carreira no serviço público. O governo quer substituir isso por uma parcela autônoma”, explica. A docente destaca ainda a modificação no benefício por difícil acesso. “Em alguns casos, esse valor acaba suprindo um pouco a defasagem em nosso salário. A proposta do governo extingue isso em muitas situações. Se mantém apenas para quem der aulas em comunidades muito do interior”, sublinha.

A luta do magistério tem contado com um apoio significativo da sociedade civil e também de representantes políticos. Dentre as Câmaras Municipais do Vale do Paranhana, apenas a de Riozinho não aprovou moção expressando apoio às reivindicações da categoria.