Especial Parobé 37 anos: Feller abre o coração e avalia as principais dificuldades frente a queda de receitas

Repercussão Paranhana – Uma das lutas permanentes dos prefeitos é a reposição das perdas do FPM repassado pelo governo federal aos municípios. Como o senhor avalia esta luta?
Prefeito Feller – Nós, em um determinado período na história de Parobé, a nossa receita maior era o ICMS. De 2003 a 2004 o nosso ICMS foi diminuindo. Atualmente, o FPM passou a ser a principal fonte de receita. Mas, não temos nenhum controle sobre ela. Não tem muito o que fazer. Ela é uma receita sobre PIS, COFINS, PASEP, sobre o IR, tributos federais e IPI. Em outros governos, a União isentou o IPI para gerar aumento de produtividade, empregabilidade, mas foi justamente a alíquota que integra o cálculo de repasse ao FPM. E ao longo do tempo, fomos perdendo e continuamos perdendo. Tanto é que estão há anos tentando repor as perdas, e nós (municípios) tudo esperando, porque precisamos de recurso. Agora, de novo, tem nova sinalização de reposição de 1% de FPM. Para Parobé representa uma receita adicional de R$ 1 milhão no ano, não é por mês. É uma receita importante, mas não é nenhuma salvadora da pátria também.

Repercussão Paranhana – Como o senhor analisa essa mudança na Constituição Estadual para vender as estatais do RS?
Prefeito Feller – Sou amplamente favorável. Não sou propriamente um incentivador da privatização. A população votou no Eduardo Leite e no Sartori. Todos (os candidatos) diziam que tinha que privatizar. Só não falaram claramente sobre o Banrisul. Agora, a Sulgás, a CEEE e CRM, o debate foi claro. Como a CEEE fechou o ano? Com R$ 1 bilhão de prejuízo! Tem que aportar esse recurso lá dentro, e tem que tirar de algum lugar, ou seja, de onde o recurso já é escasso. E isso está na hora, mesmo que ideologicamente não se concorde, tem que ser na prática. Em determinado ponto da vida, tu percebe que se não está funcionando como o planejado, e para poder prosseguir e ter perspectiva de crescer, tem que fazer diferente. E esse é o caso do RS. É uma demonstração surpreendente. Até achei que não daria tanto voto a favor da exclusão do plebiscito (se referindo à votação na Assembleia, pelos deputados, que aprovaram em primeiro turno a exclusão da necessidade de plebiscito para vender as estatais). E vai ser muito significativo. Houve muita segurança daqueles que votaram.

 Repercussão Paranhana – O que o senhor acredita que Parobé precisa discutir urgentemente para não ficar para trás em aspectos de desenvolvimento?
 Prefeito Feller – Na verdade, o grande nó e o X da questão é a área do desenvolvimento. Isso, em última análise representa a arrecadação, quando tem recurso consegue fazer saúde, educação, consegue fazer pavimentação, saneamento, cultura, e quando não tem é preciso eleger prioridades dentro da escassez. E a questão de fazer o desenvolvimento acontecer, é bem complexo. Ninguém tem dúvida que é necessário diversificar a economia. Isso quase todo mundo em Parobé sabe e em outros lugares também sabe. Mas, isso não se faz por decreto. Se faz com medidas, e vem com medidas que, às vezes, são mal compreendidas por um grupo. O Programa de Segurança Pública também possui relação com o Programa de Desenvolvimento Econômico. Se tu possui um desenvolvimento adequado e pode comprar as coisas, atendendo os anseios próprios e da sua família, dificilmente vai deliquir, só se for um psicopta. E o que precisamos é desenvolvimento. E estamos trabalhando com a força. Tanto é que destinamos um terreno para a Calçados VIP para fazer uma nova fábrica e ajudamos uma empresa de lingerie para se instalar em Parobé. Outra conquista foi a chegada de uma empresa que vai costurar bolsas para uma empresa de Campo Bom. E não foi nem por auxílio nosso, nem por posição geográfica, foi exclusivamente, em função da qualidade da mão de obra das costureiras, e bolsa não é uma coisa fácil de costurar. Então, tenho que aproveitar o Dia do Trabalhador para dizer isso. E vieram por isso. Precisamos ter muito claro uma coisa. Todos gostariam e os gestores gostariam de ter uma Azaleia, com 10 mil funcionários, quem não gostaria? Eu sei que isso não vai acontecer. Isso é muito difícil.

 Repercussão Paranhana – A Prefeitura costuma auxiliar financeiramente entidades como a APAE? Como avalia o repasse de recurso para essa entidade?
 Prefeito Feller – Nós temos aqui e a que mais ajudamos é a APAE. Vou dizer de coração aberto. Eu ajudo com R$ 45.000,00 por mês. Achava muito. Um dia, eu estava em um lugar, e temos que reconhecer quando temos ideia deformada. Quando vi aquele pessoal expondo a dificuldade, me dei conta de um fato. Não estou pagando hora-médico, estou pagando uma melhor perspectiva de vida para aquelas pessoas que possuem uma perspectiva limitada. Estamos destinando recurso. E, nos eventos, sempre reservamos local para eles, os veículos estamos destinando maior número para buscar e levar esses cidadãos que estão privados das necessidades mais primárias. Isso ultrapassa o dinheiro. Quase todas as pessoas, são oriundas de famílias bem carantes. Se não tiver o poder público para ajudar, não tem saída.