Começa a se desenhar o destino da Barragem das Laranjeiras, situada entre Canela e Três Coroas

Vice-prefeito de Três Coroas, Eraldo Araújo, concorda com a nova medida proposta. Foto: Matheus de Oliveira

Três Coroas – Após inúmeros debates e falta de consenso ao longo dos últimos anos sobre a utilização e construção de barragens na região, surge uma nova alternativa que parece agradar todas as partes. Na segunda-feira (4), uma audiência pública foi realizada no Centro de Cultura de Três Coroas com objetivo de prestar esclarecimentos à comunidade sobre os novos encaminhamentos a respeito da Barragem das Laranjeiras. Como não prosperou a proposta de construção de uma nova estrutura para geração de energia, a ideia agora é aprimorar e utilizar a barreira existente para implementação de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH). 

“Há muito tempo a Barragem das Laranjeiras é uma preocupação para todos nós. Queremos que aquele patrimônio passe a ter alguma utilidade, porque ele está lá há mais de 50 anos sem utilidade nenhuma”, defendeu o procurador do município de Três Coroas, Eduardo Kellermann. O procurador contextualizou a situação dizendo que é a prefeitura de Canela que está pleiteando a concessão da barragem, que hoje pertence ao Estado do Rio Grande do Sul. Se a estrutura for passada ao município, haverá um processo de licitação para que as empresas interessadas possam gerar energia no local. “Me parece que é a melhor saída. Precisamos achar uma solução pra isso. Acho que se der alguma destinação e alguém cuidar, seria muito bom para a comunidade”, disse Kellermann. A concessão do imóvel só poderá ser realizada mediante aprovação de um projeto de lei.

MUNICÍPIOS A JUSANTE TÊM VOZ NA DISCUSSÃO  

A nova proposta só poderá seguir adiante caso seja autorizada por municípios a jusante à barragem, ou seja, os locais abaixo da estrutura, para onde se dirige a corrente de água. O processo funciona desta forma porque em qualquer situação de problema, quem sofrerá as consequências serão as localidades por onde passa o fluxo do rio. A Secretaria de Meio Ambiente do Estado, em conformidade com legislação vigente, espera uma manifestação destas comunidades. Através de lideranças, Três Coroas já se mostrou favorável à nova iniciativa. 

Lideranças presentes na audiência deixam suas impressões 

O engenheiro civil proponente do projeto de PCH para o local, Camille Nassar, trouxe diversos esclarecimentos sobre a atual situação da estrutura. “Hoje, a barragem é classificada como de médio risco. Ela está lá fazendo o barramento para o qual foi construída, mas está sem condições de regular a passagem de água quando chove demais”, explicou. Na avaliação do engenheiro, a estrutura está em boas condições e não apresenta fissuras, apesar da falta de manutenção. Como não há registros detalhados sobre a construção da barragem, boa parte da apresentação foi montada com base em relato de pessoas que testemunharam o início das obras. 

Douglas Franck, engenheiro civil da prefeitura de Três Coroas, argumentou que do ponto de vista técnico o laudo apresentado por Nassar é simplista, embora a ideia de readequação seja aceitável. “Hoje o que temos lá é um bloco monolítico no meio do rio em que a água passa por cima e não foi mostrado ainda o que se pretende fazer para gerar energia nele. O que se propõe aqui é que se tenha o controle dessa água. Eu sou totalmente a favor se for utilizada para esse fim”, defendeu. 

Presente na audiência, a sócia-proprietária do Raft Adventure Park de Três Coroas, Teriana Selbach, também deixou suas impressões sobre os novos encaminhamentos, argumentando que é importante que haja um responsável pelo local. “Hoje o Estado não se responsabiliza, a barragem não está em Três Coroas e Canela não tem concessão. No fim, se acontecer alguma coisa, não vai ser responsabilidade de ninguém”, afirmou.