Com Feller afastado, Maria Eliane assume comando da prefeitura de Parobé

Prefeita interina assinou termo de posse nesta terça-feira (10) Fotos: Matheus de Oliveira

Parobé – Afirmando em seu discurso que o sentimento não era de alegria, mas sim de responsabilidade, Maria Eliane Nunes (MDB) tomou posse como prefeita interina de Parobé no início da tarde de terça-feira (10). Até então a emedebista presidia a Câmara de Vereadores do município. Com o afastamento de Irton Feller (MDB), que foi determinado pelo juiz da comarca de Taquara, Frederico Menegaz Conrado, Maria Eliane assume o comando do Poder Executivo até que haja nova mudança no quadro político da cidade.

A prefeita empossada não demonstrou intenção de fazer modificações no atual quadro administrativo de Parobé. Pelo contrário. Como companheira de partido do prefeito afastado, a emedebista assumiu o novo cargo com tom de moderação, continuidade e aproximação com o Poder Legislativo e os servidores do município. “É muito importante que agora juntemos forças para manter a cidade em ordem”, definiu.

Com a maior parte de seu discurso lido em um papel durante a cerimônia de posse no Centro Administrativo, Maria Eliane falou brevemente de sua trajetória na cidade e destacou que é um privilégio assumir a direção da Prefeitura.

Três prefeitos na cidade em menos de três anos

Nos últimos anos, a comunidade parobeense tem vivido em um clima de instabilidade política. Isso porque, desde 2017, três nomes diferentes já passaram pelo comando da Prefeitura, e até o fim de 2020 uma quarta pessoa ainda será eleita para o cargo de chefe do Executivo, com mandato datado até 1º de janeiro de 2021. Nos próximos dias, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) deverá anunciar a data da eleição suplementar. Ou seja, quem mora em Parobé deverá ir às urnas duas vezes no próximo ano.

A situação se desenha desta forma, porque, embora tenha sido escolhido pela maioria dos votos no pleito de 2016, Irton Feller não pôde assumir a prefeitura em 1º de janeiro de 2017. Quem o fez foi o então presidente da Câmara, Moacir Jaguncheski (Cidadania). A chapa adversária comandada pelo PDT ingressou com uma ação na justiça, ainda em 2016, alegando que o emedebista era inelegível devido a irregularidades nas prestações de contas da Corag no período em que ele era presidente. A Justiça Eleitoral de Taquara aceitou o pedido e negou o registro. Recursos de defesa foram julgados e em agosto de 2018 Feller pôde assumir. O MP recorreu e novamente o registro foi negado. O TSE negou recurso da defesa e o atual juiz de Taquara determinou o afastamento.

Feller demonstra confiança em sucessora

Em seus último minutos como prefeito de Parobé, Irton Feller não deixou de exaltar as ações realizadas ao longo de seu curto mandato, que durou apenas 483 dias. “Neste período conseguimos concluir algumas etapas. Pudemos buscar financiamento de R$ 2 milhões para a compra de equipamentos para a Prefeitura. Assinamos ontem, com a empresa Dobil, o contrato de pavimentação da primeira etapa dos asfaltamentos da estrada para Santa Cristina do Pinhal. A segunda etapa ainda está sendo licitada”, explicou. O emedebista enfatizou a importância dos financiamentos, que, segundo ele, beneficiam a atual geração.

“Estou aqui fazendo meu papel. Se eu dissesse que o faço com alegria, eu teria que usar da máxima hipocrisia. Obviamente que não estou feliz. Obviamente que não estou alegre. Eu estou tranquilo e sereno, porque fizemos nosso papel até aqui e estou absolutamente confiante na competência de Maria Eliane, que nos sucederá. Sei da competência, sei da integridade, sei da honradez e por esta razão saio daqui hoje do mesmo jeito que entrei”, resumiu.

Embora afastado do cargo, o ex-prefeito segue com uma cautelar em Brasília com objetivo de reverter a última decisão proferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve a negativa de registro de candidatura.

Cerimônia de posse da prefeita interina terminou em clima de descontração

Ao fim da cerimônia que marcou a posse de Maria Eliane e despedida de Feller, o ex-mandatário brincou que uma das coisas que acontecem quando um prefeito está prestes a perder seu mandato é que o café passa a ser servido frio no gabinete. “Mas isso não aconteceu aqui. O que aconteceu foi até um pouco pior”, exclamou o emedebista. Com as atenções voltadas para si, Feller declarou que o grande problema foi o ar-condicionado de sua sala, que estava ligado no modo quente nos últimos dias – que foram marcados pelo calor intenso na região. A fala foi feita logo após a assinatura dos documentos e encerrou a reunião com clima de descontração. Servidores, vereadores e imprensa caíram na gargalhada.