“Eles disseram que o resultado da auditoria seria diferente se eu estivesse com o governo”, diz Maria Eliane

Maria Eliane tomou posse como prefeita interina no dia 10 de dezembro e permaneceu no cargo até 31 de março. Foto: Matheus de Oliveira

Parobé – Os ânimos políticos voltaram a ficar acirrados em Parobé após o relatório da auditoria financeira e estrutural ser divulgado pelo prefeito Diego Picucha na segunda-feira (11). Os principais pontos elencados na entrevista coletiva foram o desaparecimento de quase meio milhão de reais do caixa da Prefeitura; a falta de um contrato que garantisse os recursos para a pavimentação da estrada de Santa Cristina do Pinhal, que teve a ordem de início das obras classificada como estelionato eleitoral por Picucha; e a diferença de mais de R$ 5 milhões entre itens comprados pela Prefeitura e o que efetivamente consta na lista de patrimônios.

Em visita à sede do Jornal Repercussão Paranhana, a ex-prefeita interina e atual presidente da Câmara, Maria Eliane Nunes (MDB), apresentou seu contraponto às informações divulgadas pelo atual prefeito.

Pavimentação da estrada de Santa Cristina do Pinhal
Maria Eliane afirmou que todos os procedimentos em relação ao contrato com a Caixa Econômica Federal, financiadora dos recursos para a obra, foram dentro da legalidade. ” Bastava apenas a assinatura do contrato pelo novo prefeito porque temos informações de que o governo federal vai liberar recursos nos próximos dias. Deixei absolutamente tudo pronto para que a obra fosse realizada com tranquilidade”, sustenta. O início do asfaltamento teria sido custeado pelos R$ 1,2 milhão que representa a contrapartida do Município frente às duas linhas de crédito contratadas através dos programas Avançar Cidades e Finisa.

A Caixa teria ainda sinalizado a não possibilidade de assinatura do contrato por se tratar de um ano com eleições municipais, mas a ex-prefeita afirma que uma liminar deferida em Brasília garantia a assinatura imediata dos contratos, que não foi efetivado pelo fim do mandato interino.

Conforme documentos apresentados pela emedebista, a obra teria sido paralisada a pedido da empresa contratada, que quis suspender temporariamente o contrato em virtude dos problemas causados pelo coronavírus.

Dinheiro que sumiu do caixa
Em relação ao desaparecimento de R$ 588.544,44 do caixa da Prefeitura, Maria Eliane disse que “eu não tinha conhecimento desse dinheiro porque desde 2019 não circulava mais dinheiro em espécie na prefeitura”. A ex-prefeita classificou a acusação como uma “denúncia muito grave” e afirmou ter registrado uma ocorrência policial. “Se for aberta uma CPI para investigar, eu assino junto”, ressalta.

Auditoria teria sido “diferente” com apoio ao atual governo
Maria Eliane afirma que foi procurada por um integrante do atual governo para que integrasse a base na Câmara de Vereadores. “O que me foi ofertado foi que o relatório da auditoria seria bem diferente se eu estivesse com o governo. Então, pra mim, essa auditoria não tem credibilidade nenhuma. É um jogo político cheio de manobras”, pontuou.

Diferença no balanço patrimonial
Quanto a informação de que haveria a falta de cerca de R$ 5 milhões em patrimônio, a ex-prefeita interina informou que no município existe uma comissão de patrimônio, formada por servidores de carreira, e que estes jamais iriam permitir quaisquer irregularidades.

Diego Picucha afirma que oposição que desviar o foco
Após ser contatado pela reportagem, o prefeito Diego Picucha se posicionou em nota através de sua assessoria de imprensa: “Maria Eliane falta com a verdade ao afirmar isso. Que prove essa grave acusação, dizendo o nome do assessor que a procurou e que comprove essa proposta. Muitos dos fatos constatados pela auditoria perpassam por seu período de gestão e, caso demandem de gestões anteriores, caberia a ela uma investigação a cerca deles. Não ter tomado uma atitude demonstra apenas sua passividade, negligência ou até mesmo conivência com esses fatos. O que nos parece é que essa é mais uma tentativa de desviar o foco dos graves fatos constatados na auditoria, como a questão envolvendo a ordem de início das obras da Estrada do Pinhal, que ocorreu durante a sua gestão interina, de forma completamente irregular e sem o aval da Caixa Econômica Federal, que inclusive expressou a irregularidade do processo por meio de comunicação eletrônica.”