“Saber que a justiça está sendo feita já nos dá um acalento”, diz irmã de mecânico morto por engano em Taquara

Delegado Falcão traçando estratégia com os policiais para prender os acusados do crime (Foto: Melissa Costa)

Taquara – Um inocente assassinado. Em abril deste ano, o mecânico Edson Fabiano Hartz, de 32 anos, foi executado com 12 tiros dentro do seu veículo, um Fiat Uno, branco, no interior de Taquara.

Todos os sinais, da forma de ataque até a grande quantidade de disparos, indicavam que se tratava de um crime cometido por facção criminosa. No entanto, o perfil da vítima, sem antecedentes, dono de empresa e cujos depoimentos só demonstravam ser uma pessoa do bem e trabalhadora, levaram a polícia a acreditar que se tratava de uma morte cometida por engano.

E a suspeita se confirmou ao longo da investigação. Bandidos erraram o alvo e mataram um inocente. “Ele passava pelo local marcado para o crime com um carro do mesmo modelo e cor (Uno branco) e acabou alvejado”, confirmou o delegado José Marcos Falcão de Melo. Nos últimos três meses, os policiais conseguiram descobrir a identidade do assassino e também do mentor e mandante.

Com autorização da justiça, o delegado Falcão desencadeou a Operação Alvo Errado para capturar os dois acusados. A ofensiva ocorreu na sexta-feira (5) e contou com a participação de quase 40 policiais civis e militares de Taquara, Canela, Rolante, Três Coroas, Igrejinha e Parobé. Existia o risco de confronto e, às 4h30, o delegado se reuniu com os agentes da segurança na Faccat para traçar estratégias para o cumprimento dos mandados de busca e prisão, o que ocorreu sem confronto e sem policiais e acusados feridos.

Conforme o delegado, além da vítima morta por engano, a dupla também responderá por outras duas tentativas de homicídio. “Além disso, por tudo ter dado errado, eles ainda tentaram extorquir a vítima que não conseguiram matar. Queriam dinheiro para não matá-la futuramente”.

“Crime bárbaro”, diz delegado

Conforme levantado pela Polícia Civil, os dois presos também integram uma facção criminosa que coordena o tráfico de drogas nos vales do Sinos e Paranhana. “Além do homicídio e das tentativas, temos o contexto de organização criminosa; eles são faccionados, são integrantes de uma facção que tem domínio e um braço muito forte aqui em Taquara”. Para Falcão, a polícia conseguiu dar o retorno necessário à família e à comunidade. “É uma reposta muito firme que a polícia dá com a operação conjunta para tentarmos alcançar um crime que é bárbaro, a execução premeditada de um cidadão e a tentativa de homicídio que quase resultou na morte de outro cidadão”.

“É um acalento”, diz irmã sobre as prisões

Os três meses do assassinato cruel de Edson ainda é pouco tempo para a família conseguir lidar com tudo.
Sua partida precoce e de forma tão violenta espantou a todos. A irmã Sinara Fischer lembra de como ele era em vida. “Era uma pessoa muito do bem, fazia tudo por nós da família, nunca deixava ninguém mal”. Edson amava fazer trilhas de moto. “Também gostava de dar umas pedaladas de bike nas horas livres. E, principalmente, gostava de lidar com os carros de corrida; era mecânico e tinha sua própria empresa. Ele era uma pessoa de um coração incrível e faz muita falta para nós”, completou ela.

Sinara acompanhou o noticiário sobre as prisões dos acusados da morte do irmão e garante que isso ameniza um pouco todo o sofrimento. “Nada justifica um crime desse, mas saber que a justiça está sendo feita já nos dá um acalento”.

A morte violenta assustou a família, mas todos sempre acreditaram na inocência de Edson. “Com certeza, meu irmão era uma pessoa de bem”, disse ela, lembrando que era considerada como uma mãe para Edson. “Ele sempre dizia que era um cara de sorte, que tinha duas mães. Considerava ele como um filho. Amava ele demais e ele também amava muito a família”.

Edson morava com os pais e tinha muito cuidado com eles. “O mano tinha um amor muito grande pelo pai e a mãe; eles estão sofrendo demais”, relatou a irmã Sinara.

Outra familiar diz que nada irá trazer Edson de volta, mas saber que a justiça está sendo feita, inicialmente com a prisão e futuramente com a possível condenação, ajuda a passar por tudo. “O sofrimento não diminuiu porque isso não traz ele de volta, mas nos conforta um pouco saber que eles não vão fazer outra vítima, pelo menos por enquanto”, disse.

ENCAMINHADOS PARA A CADEIA
Os dois acusados do crime, após serem encaminhados à delegacia de Taquara, foram transferidos para uma penitenciária, onde aguardam os próximos trâmites da justiça. “Com a operação, damos por encerradas as investigações do homicídio e das duas tentativas de homicídio”, revelou o delegado Falcão, citando que a dupla além da morte e das tentativas, também será indiciada por tráfico de drogas, associação ao tráfico, extorsão e estelionato.