Réu condenado a 18 anos de prisão por tentar matar ex-mulher a tiros em Taquara

Vidro lateral da vítima cravejado de disparos feitos pelo ex-marido em 2019 (Foto: Arquivo)

Taquara – Em sessão que durou 12 horas, o Tribunal do Júri condenou a 18 anos de prisão José Antônio Sartori, acusado de tentar matar a ex-companheira, Marilene Wagner Sartori, em agosto de 2019. O julgamento ocorreu na segunda-feira (27).

À época do crime, o casal estava divorciado, mas iniciando uma reconciliação. Conforme a denúncia do MP, Sartori iludiu a vítima, atraindo-a para um programa de lazer em Porto Alegre. No retorno, parou o carro nas proximidades da ponte do Rio dos Sinos, na RS-020, simulando problema mecânico, desceu do veículo, pegou uma arma e atirou diversas vezes contra Marilene.

Em seguida, o homem voltou ao carro e, ao perceber que a vítima ainda estava viva, asfixiou-a com um pano e dirigiu em direção a Igrejinha. “Nesse momento, Marilene fingiu-se de morta e, somente após checar sua pulsação e acreditar estar a companheira falecida, levou-a ao hospital de Taquara, dizendo que os tiros teriam sido feitos por assaltantes”, conta a promotora de Justiça Cristina Schmitt Rosa, que atuou em plenário no júri. Ao ser socorrida, a vítima abriu os olhos e disse à enfermeira que estava viva e revelou ter sido o ex-marido quem tentou tirar sua vida. Sartori foi preso em flagrante.

Marilene, que à época tinha 60 anos, foi transferida ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), onde realizou cirurgia de emergência e ficou internada por vários dias. Seguiu realizando tratamento com fisioterapeuta por meses para recuperar os movimentos dos braços e das pernas. Ainda hoje sofre com dores no abdômen e tem uma bala alojada próximo à coluna.

ELE ARQUITETOU O ATAQUE PARA MATAR A EX-MULHER

Conforme a promotora, o crime foi praticado por motivo torpe, para vingar ressentimentos decorrentes da separação anterior, pois Sartori nunca se conformou com a partilha dos bens do casal. Além disso, foram reconhecidas as qualificadoras do emprego de asfixia, dissimulação e feminicídio, já que o crime foi praticado contra mulher por razões da condição de sexo feminino.

“No plenário realizado nesta segunda-feira ficaram evidentes a frieza e a crueldade do réu, que arquitetou o crime vários dias antes, inclusive forjando o furto da arma que utilizou para matar a ex-esposa. Marilene e os três filhos do casal acompanharam todo o julgamento e ficaram muito emocionados ao receber o veredito, que confortou o sofrimento dessa família”, destaca Cristina.

A promotora conta ainda que o crime teve grande repercussão na cidade já que Marilene é uma mulher muito querida na comunidade e era funcionária da Câmara de Vereadores de Taquara durante muitos anos.