Polícia afirma que apreensão de armamento nos Vales do Sinos e Paranhana estão ligadas ao tráfico de drogas

Apreensão em Parobé, no total foram 18 armas recolhidas Foto: Polícia Civil

Região – O trabalho intenso das polícias Civil e Militar no combate aos crimes que permeiam as regiões do Vale do Sinos e Paranhana refletem uma realidade que tem deixado as forças policiais cada dia mais alertas. Apesar de trabalharem nas mais diversas frentes na repressão de delitos, desde março, apreensões de armas de grosso calibre em ações efetuadas pela PC e BM tem se tornado frequentes na região.

Em 2019, de acordo com informações disponibilizadas pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, nas dez cidades de abrangência do Grupo Repercussão, foram apreendidas 119 armas de fogo. Este ano, até 30 de abril de 2020, 44 armamentos já foram retirados das ruas.

Desde o fim de março, quando a 2ª delegacia de Polícia de São Leopoldo efetuou a apreensão de sete armas de grosso calibre em uma ação coordenada pelo delegado Rodrigo Zucco, outras 10 foram apreendidas em ações realizadas em Campo Bom. Cinco delas eram pistolas 9mm. No Vale do Paranhana, desde abril, outras 17 foram recolhidas por ambas as polícias, além das 18 apreendidas com um armeiro, na cidade de Parobé, em 14 de maio. Na lista de armas apreendidas estavam uma submetralhadora 556 e outra 762.

Armas apreendidas

Questionado sobre os próximos procedimentos com relação as armas apreendidas com o armeiro em Parobé, o titular da Delegacia de Polícia da cidade, Delegado Gustavo Menegazzo esclarece que todas as armas estão sendo avaliadas junto ao Exército Brasileiro e podem ser restituídas aos proprietários ou encaminhadas para destruição.

 

“É a eterna caça do gato ao rato”

Entrevista com Rodrigo Zucco, delegado de polícia

Jornal Repercussão – Como o senhor acredita que acontece o transporte das armas e drogas?
Rodrigo Zucco – A nossa delegacia intensificou o trabalho de combate ao tráfico de drogas no Vale do Sinos ao longo destes últimos cinco anos e descobriu que a rota do tráfico de drogas normalmente é a mesma rota do tráfico de armas. Na mesma propriedade que eles trazem um grande carregamento de armas, eles trazem junto um carregamento de drogas, até por que eles tem que trazer esses objetos camuflados, em carregamento de cargas normalmente.

Jornal Repercussão – E tem uma rota pelas quais elas costumam chegar no Brasil?
Rodrigo Zucco – O armamento ingressa no Brasil pelo Paraguai e pelo Uruguai também, nós temos uma fronteira seca no Uruguai então muita arma entra no Rio Grande do Sul por lá.

Jornal Repercussão – Qual é o valor de mercado destas armas apreendidas?
Rodrigo Zucco – As armas aproximadamente de R$ 60 a 70 mil cada armamento já que são armas de grosso calibre, no mercado negro.

Jornal Repercussão – De que forma se dá a disputa por territórios?
Rodrigo Zucco – São formas de eles abastecerem as facções, nós temos duas principais facções aqui no Estado, facções de traficantes. Também o que ocorre, com essa disputa entre as duas facções, ocorre muito as guerras por domínios de espaço, eles tentam dominar o espaço maior possível para fazer a venda dos entorpecentes e as armas são utilizadas obviamente no combate que eles acabam travando na disputa destes territórios.

Jornal Repercussão – Como a polícia costuma agir no combate a esse tipo de crime?
Rodrigo Zucco – No caso da Polícia Militar é com a prevenção e no caso da Polícia Civil nós temos bastante número de apreensões e prisões que a polícia tem feito nos últimos anos, é com muita investigação, com informações que são checadas, a tecnologia também facilita a investigação… é a eterna caça do gato ao rato, eles tentando passar despercebidos e nós tentando localizá-los e prendê-los.

 

Autoridades comentam sobre o assunto dentro do contexto de suas respectivas delegacias

Para a Capitã Francieli Ronsoni, comandante da 3ª Companhia Igrejinha, responsável pelo policiamento ostensivo da BM de Igrejinha e Três Coroas, este delito está diretamente ligado ao tráfico de drogas. “Verificamos que as apreensões de armas de fogo estão ligadas com as prisões por tráfico de drogas. Nos primeiros cinco meses de 2020 já prendemos por tráfico de drogas em Igrejinha o equivalente o ano todo de 2019 e por isso o aumento das apreensões de armas no presente ano. Mesmo com a pandemia estamos atuando fortemente contra o tráfico de drogas e em decorrência a circulação de armas de fogo na mão de criminosos”, disse. O que é reforçado pelo capitão da 2ª e da 5ª Companhia da BM de Parobé e Taquara, Gabriel Damásio. “Isso é muito ligado ao tráfico. Para a proteção entre eles, para mostrar força entre os rivais”, explica.

Na Polícia Civil, o Delegado Gustavo Menegazzo conta que nestes tipos de caso, sempre que a PC recebe uma notícia crime ou denúncia de que alguém está na posse ou portando alguma arma, é encaminhado uma representação judicial por mandado de busca para retirar essa arma de circulação. O que, em casos envolvendo armamentos, é um dos principais objetivos da polícia.

 

Armas apreendidas pela Polícia Civil em 2019 e 2020 no Vale do Paranhana e Vale dos Sinos