Igrejinha – Um crime brutal e que deixou a cidade consternada. Logo após fazer as unhas em uma estética do Centro de Igrejinha, Josiane Barcelos Vasen, de 43 anos, foi atacada pelo ex-marido Gilmar Vasen. Ele invadiu o estabelecimento e, sem que pudesse ser contido, foi a encontro de Josi, como era conhecida, e lhe desferiu seis facadas.
Depois da agressão ele fugiu. Josi chegou a ser socorrida até o Hospital Bom Pastor, mas acabou falecendo horas depois, por volta das 23 horas. A frieza do assassino assustou a todos. Não há registro de discussão. Ele se aproximou da vítima e quem estava no salão ouviu apenas gritos de socorro dela. Josi ainda saiu caminhando e falando do banheiro, mas logo o quadro de saúde piorou.
A despedida de Josi ocorreu na manhã de segunda-feira (25), na Capela Martin Luthero, Centro de Igrejinha. Amigos e familiares prestaram as últimas homenagens, ainda abalados pelo assassinato. O enterro ocorreu em Rolante.
Ela trabalhava como professora em uma escola de Educação Infantil de Igrejinha e deixa enlutados dois filhos, de 17 e 19 anos, pais e demais amigos e familiares. No velório, o irmão Jair Barcelos disse que a família espera que a justiça seja feita. “Não pode ficar impune, não tem cabimento o cara chegar e fazer esse tipo de coisa e não ter uma punição. Espero que a justiça seja feita”.
Acusado do feminicídio se joga contra caminhão
Após atingir as facadas no abdome e pernas de Josi, Gilmar fugiu para Três Coroas, cidade onde abandonou o veículo Fiat Palio vermelho. O delegado Ivanir Caliari, responsável pelo inquérito, afirma que relatos de testemunhas dão conta de que Gilmar estava transtornado em razão de sua separação com a vítima, que não aceitava retomar o casamento. Os dois mantiveram uma relação por 26 anos, tinham dois filhos e estavam há quatro meses separados.
No domingo à tarde, Gilmar se jogou na frente de um caminhão na BR-116, em Novo Hamburgo. Ele foi socorrido em estado grave e permanece internado no Hospital Municipal de Novo Hamburgo. A prisão preventiva foi decretada e ele está sob custódia da Brigada Militar. Gilmar responderá por feminicídio (homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher) com duas qualificadoras: sem chance de defesa à vítima e por motivo fútil.
Questionado, o delegado Caliari informou que não havia registro recente de violência doméstica ou pedido de medida protetiva da vítima. Josi fez um registro contra Gilmar em 1997. Há 25 anos, ela relatou ter sido agredida e afirmou que não era a primeira vez.
Primeiro feminicídio deste ano
O assassinato de Josiane foi o primeiro feminicídio do ano registrado nas cidades de cobertura do Grupo Repercussão, nos vales do Sinos e do Paranhana. No entanto, algumas cidades, como Sapiranga e Campo Bom, já registraram tentativas de feminicídio, nas quais as vítimas conseguiram sobreviver às agressões.
Um dos casos mais graves deste ano ocorreu em Sapiranga. No mês passado, uma mulher foi espancada no meio da rua pelo ex-companheiro. Ela foi socorrida inconsciente, mas se recuperou. Após espancar a ex, o acusado cometeu suicídio em casa.
Neste final de semana, um homem também colocou fogo na casa da namorada. No momento do sinistro, ela não estava na residência. Este caso é investigado pela Polícia Civil de Sapiranga. A vítima perdeu tudo, ficando apenas com a roupa do corpo. A casa ficou totalmente destruída.
Neste primeiro semestre, 55 mulheres foram assassinadas no Rio Grande do Sul. Destas vítimas, 11 tinham medida protetiva.