“Minha mãe tinha um coração enorme”, diz filho de mulher morta a facadas por ex-companheiro

Após matar a ex-companheira, Márcio Hack (foto menor) sofreu acidente de trânsito ao fugir da polícia (Foto: Divulgação)

Três Coroas – Um crime brutal chocou a região no final de semana. A doméstica Luciana Leonardo Batista, de 49 anos, moradora de Três Coroas, foi assassinada com pelo menos seis facadas pelas costas na tarde de sábado (2), enquanto caminhava até o mercado na rua 7 de Setembro.

O acusado é seu ex-companheiro, Márcio Ronei Hack, de 55 anos. Considerado foragido da Justiça, ele está sendo procurando por todas as forças de segurança da região desde o momento do feminicídio.

Na sequência ao ataque, o criminoso fugiu. Câmeras flagraram o exato momento das facadas. Luciana foi socorrida pelos bombeiros voluntários em estado grave ao hospital da cidade, mas não resistiu e faleceu pouco tempo depois. A Brigada Militar e Polícia Civil logo foram acionadas e passaram a atuar na tentativa de localizar o ex-companheiro.

Vítima tinha medida protetiva

Segundo o delegado Ivanir Caliari, titular da delegacia de Três Coroas, as facadas atingiram, principalmente, a região das costas e abdômen. Na noite de sábado, após cerco policial, Márcio fugiu em direção a Santo Antônio da Patrulha. Na RS-474, ele sofreu um acidente, abandonou o carro e fugiu a pé para o matagal.

Luciana já havia procurado a Polícia Civil para denunciar o ex-companheiro e, desde então, tinha conseguido uma medida protetiva. Conforme o delegado, a ocorrência foi registrada em 27 de junho. Os dois mantiveram um relacionamento por cerca de dois anos e estavam separados desde junho.

A violência ocorrida contra a doméstica também já havia se repetido com outras vítimas. Entre 2007 e 2018, ele também é acusado de agredir outras duas companheiras.

“Minha mãe tinha um coração enorme”

O sepultamento de Luciana aconteceu segunda-feira (4), em Parobé, cidade onde o filho Lucas Henrich mora com a esposa e filho de oito meses. “Minha mãe era fenomenal, sempre que a gente precisava, podia contar com ela. Estava sempre com sorriso no rosto. Tinha um coração enorme”, contou ele. A morte brutal da mãe deixou toda a família consternada. Lucas acompanhou de perto a separação da mãe e de Márcio. “A gente percebia que ela estava mudando, vivia mais recuada. No começo, ele não demonstrava ser a pessoa que era. Com o passar do tempo, passou a ser possessivo e agressivo com a mãe”, relembra.

Em meados de junho, Luciana sofreu um acidente no trabalho e fraturou um braço. Um dia, sozinho com a mãe, Lucas questionou o que estava acontecendo. “Ela abriu o jogo. Antes não falava por medo e vergonha. Em uma das discussões, ele arrancou o celular da mãe com tanta força que tirou uma unha dela”. De imediato, Lucas orientou a mãe e procurou a polícia com ela. Foi quando tomou a coragem de se separar e conseguiu uma medida protetiva. “De início, ele pareceu aceitar de boa. Mas, daí, esperou três meses para fazer uma coisa dessas. A gente espera que a justiça seja feita, que ele seja preso e permaneça na cadeia”.

Três mortes em 2022

No ano passado, nos municípios de circulação do Grupo Repercussão, foram cometidos pelo menos três crimes brutais contra mulheres. No dia 18 de janeiro, a polícia localizou os restos mortais de Eduarda Borges Fagundes, 16 anos, enterrados na localidade de Pega Fogo, em Taquara. O ex-companheiro foi preso pelo crime. No dia 23 de junho, Joseane Barcelos, 43, foi morta dentro de um salão de beleza pelo ex-companheiro, em Igrejinha. Após o crime, ele jogou o carro contra um caminhão e segue internado em estado vegetativo. No dia 28 de novembro, Deise Silva, 28, foi morta a tiros em Araricá. O ex-marido segue preso pelo crime.