Rolante – A guerra entre facções criminosas, que disputam a gerência de pontos de tráfico de drogas, foi a motivação do homícidio cometido no dia 9 de dezembro do ano passado, no interior de Rolante. A vítima, identificada como Andrei Maciel Fontes, 38 anos, vulgo Carroceiro, foi morto com pelo menos seis disparos de arma de fogo durante a madrugada. O corpo, no entanto, foi encontrado horas depois, às 7h, na Travessa Alberto Pasqualine, no Loteamento Farias.
A Polícia Civil de Rolante, coordenada pelo delegado Vladimir Medeiros, conseguiu elucidar a execução e três criminosos foram indiciados. Dois deles são acusados de cometer o crime, enquanto um terceiro, de dentro da cadeia, foi o mandante. O delegado confirma a suspeita inicial, de que Andrei, que vendida drogas juntamente com a companheira, foi morto porque não quis se aliar a facção rival, que tenta assumir o tráfico de drogas no município. “A morte do Andrei se deu no contexto da guerra de facções na disputa por pontos de tráfico na cidade. Ele foi morto por dois indivíduos e basicamente o que aconteceu: no ponto de tráfico, Andrei e a esposa vendiam drogas para uma determinada facção e a liderança da facção rival tentou tomar o ponto e informou que a partir de determinado momento eles teriam que vender para os rivais. Ele não aceitou e, então, foi morto a tiros no ponto de tráfico”.
Executores são de organização criminosa de Portão
Como a determinação da facção rival não foi atendida, o delegado Vladimir conta que a ordem de matar o traficante de Rolante partiu de dentro da cadeia. “Os dois identificados pelo homicídio são de Portão e teriam agido em atendimento a ordem de um criminoso, bastante elevado na hierarquia da facção, preso há bastante tempo e com histórico de violência. Esse líder também já foi alvo de ações da Polícia Civil de Rolante. Fizemos o que se chama de prisão de preso, ele recebeu mais um mandado em razão de determinar, de dentro do sistema prisional, o homicídio e estar envolvido no tráfico de drogas”.
Os dois assassinos foram indiciados e seguem sendo procurados pela polícia. Um deles é considerado chefe de outro esquema criminoso: a cobrança de mensalidade para funcionamento do comércio em Portão. Essa investigação está sendo coordenada pelo delegado Marcos Mesquita, de Portão. O acusado tem 27 anos e seria morador do bairro São Jorge. Toda região está em alerta para tentar capturá-lo.
O esquema de extorsão foi descoberto em outubro do ano passado e, conforme apurado, era cobrado mensalmente R$ 1,5 mil de donos de revendas de veículos e de lojas para que eles tivessem autorização dos criminosos para trabalhar em Portão.
Queda nas mortes
O delegado Vladimir revela que quase todos os homicídios praticados em Rolante estão relacionados ao tráfico de drogas. Nos anos de 2018 e 2019, quando a cidade viveu um dos piores cenários, eram cometidas 10 execuções por ano. “Todos eram em razão do tráfico. Naquela oportunidade, com trabalho de investigação, trouxemos responsabilização para todos os fatos, nenhum ficou sem identificação ou sem prisão. A gente faz a leitura de que esse trabalho fez com que as facções recuassem na prática dos crimes dolosos contra a vida no município”. Em 2021, foram duas mortes.