Corpo é enterrado enquanto a família aguardava pela identificação em Parobé

Corpo de Adenilson Eric Borges foi sepultado no Cemitério Municipal de Campo Bom, sem conhecimento da família (Foto: Melissa Costa)

Parobé – Uma situação ocorrida no final do mês passado trouxe revolta e deverá parar nos tribunais. Enquanto uma família aguardava o resultado de DNA, para confirmar se o corpo no Instituto Médico Legal (IML), de Porto Alegre, era mesmo de Adenilson Eric Borges, 32 anos, a mesma foi surpreendida pela notícia de que o corpo já havia sido sepultado, sem autorização, sem sua participação e em outro município.
A ocorrência envolvendo a vítima iniciou no mês de outubro, com o registro do seu desaparecimento. A mãe Odete Regina Kuchertt, 51 anos, conta que o filho saiu de casa dirigindo seu carro, um Fiat Siena azul escuro, no dia 1º de outubro, em uma quinta-feira. No entanto, os dias foram passando e Adenilson não retornou para casa. “Meu filho usava drogas e estávamos tentando com que ele saísse dessa vida, mas não conseguimos. Logo, quando ele não voltou para casa até o sábado, dia 3, a primeira coisa que pensamos foi de que estivesse usando droga”, conta a mãe, entre lágrimas. Ela, acompanhada do filho mais novo, chegou a ir em diversos locais para localizá-lo, assim como conversou amigos, mas não obteve êxito. “Todos me diziam que ele deveria estar bem e logo voltaria”. Na semana seguinte, a família procurou a Delegacia de Polícia de Parobé e registrou o desaparecimento.

Carro encontrado na beira de rio de Parobé e corpo localizado no mesmo rio, mas em Campo Bom

Quando a família registrou o desaparecimento, no dia 7, o carro de Adenilson já havia sido localizado às margens do Rio do Sinos, junto à ponte, em Parobé. Dias depois, 11, pescadores localizaram o corpo de um homem boiando nas proximidades do Balneário Chico Mendes, no bairro Porto Blos. Ele vestia bermuda e estava sem camisa. Os pontos começaram a se ligar dias depois, quando a investigação de Parobé foi até o local do carro e seguiu a margem do rio.

Investigação em andamento

Sem saber que havia ocorrido a localização de um corpo não identificado, a Polícia Civil seguiu a margem do rio de Parobé e descobriu que o mesmo desembocava em Campo Bom. “Foi quando entramos em contato com a delegacia de lá e soubemos que dias antes havia ocorrido a localização de um corpo masculino e que seguia sem identificação”, contou um dos policiais. Com alguns informações e imagens, os agentes entraram em contato com a família, que conseguiu Adenilson pelas roupas e também pelas fotografias. Foi quando a família foi encaminhado para o IML de Porto Alegre.

Exames de DNA em razão do estado avançado de decomposição do corpo

Em razão do estado avançado de decomposição, somente o reconhecimento por roupas e do corpo não foi suficiente. O irmão mais novo realizou exame de DNA em Porto Alegre, e a mãe em Taquara. “Disseram que a gente tinha que esperar, que não poderíamos enterrar antes de vir o resultado”, conta a mãe Odete, que acabou surpreendida na semana passada. A delegacia de Campo Bom informou os colegas de Parobé que a vítima havia sido identificada pelas digitais. “Logo, entrei em contato com a funerária, para, finalmente, realizar a despedida do meu filho”.

“Me negaram o direito de enterrá-lo”

Para surpresa da família, quando a funerária chegou no IML, descobriu que o corpo já havia sido enterrado no Cemitério Municipal de Campo Bom, município da localização do corpo, com a justificativa de que havia passado 15 dias e nenhum familiar fez contato. “Entrei em desespero, como foram fazer isso comigo? Eu só fiz o que eles mandaram, que era esperar o resultado. Não vi meu filho, não pude fazer o sepultamento, não sei sequer o dia e hora que ele foi sepultado. Me negaram o direito de enterrá-lo”, desabafou Odete, que irá entrar na justiça contra o instituto.
A redação do Grupo Repercussão tentou contato por diversas vezes com o IML pelos telefones, porém, não conseguiu contato até o fechamento da reportagem. Em relação à investigação quanto a causa da morte, os policiais civis aguardam os laudos da perícia para saber se o caso se trata de afogamento, crime ou até mesmo um possível suicídio.