Cobrança de pedágios nas revendas resulta em nove prisões em Taquara

Parte das munições apreendidas em uma das operações que prendeu acusados de extorsão Foto: Polícia Civil

Taquara – Nos últimos meses, a Polícia Civil tem intensificado as investigações nos crimes de extorsão cometidos por uma facção criminosa em Taquara. Desde setembro, já foram desencadeadas três operações que resultaram em pelo menos nove prisões e na apreensão de armamento e vasta munição de diversos calibres.

O delegado regional Heliomar Franco explica que há exigência pelo pagamento de “pedágio” e demais exigências de extorsão por parte de integrantes da facção criminosa, assim como por outros criminosos se apresentando como se fossem da facção, mas que não são. “São dois tipos de extorsões. Uma delas é por integrantes da facção, que resolveram extorquir comerciantes das localidades em que atuam no tráfico de drogas, roubos à mão armada e homicídios. Aconteceu, existe uma parcela atuando nisso. Porém, a grande maioria que estamos investigando, se trata de fraude de estelionato, com falsas ameaças, de criminosos que buscam informações sobre as revendas, passam a ligar dizendo que são da quadrilha e exigem pagamento. Isso se multiplicou, não só em Taquara e na região do Vale do Paranhana, mas em todo o Estado”.

Heliomar reitera que o que causa grande preocupação da Polícia Civil e demais órgãos de segurança é referente a atuação de facções. “O que nos preocupa muito são as facções, que são fisicamente presentes no terreno de atuação. Elas já vem sendo combatidas desde 2017, quando começamos a notar o avanço delas na venda do entorpecente e no aumento a violência, como homicídios”.
As investigações em Taquara são coordenadas pela delegada Rosane de Oliveira, que também tem elucidado uma série de homicídios cometidos por facções envolvendo disputa por território de drogas.

 

Delegado regional orienta que comerciantes jamais paguem as exigências de criminosos

Em uma análise criminal, Heliomar cita que a partir do momento que a facção exige dinheiro de quem não quer pagar, “ela corre o risco de ser denunciada. Alguém vai denunciar, a vítima ou parente, ou alguém que ficou sabendo. Quando vai para a extorsão, ela fica exposto. E sempre que recebermos denúncias, vamos investigar; isso é nossa prioridade”. O delegado regional também orienta que os comerciantes não cedam, que não paguem as extorsões exigidas, seja por integrantes de facção ou por outros criminosos por telefone. “O indicado é não negociar, não se intimidar. A vítima não vai receber nenhum benefício, pelo contrário, terá mais prejuízo ainda e se tornará refém. Pagou uma vez? Vai pagar sempre”, alerta o delegado.

RESULTADO DAS AÇÕES

Em três ações desencadeadas pela Polícia Civil de Taquara, em algumas com apoio da Brigada Militar, foram efetuadas nove prisões entre os meses de setembro e outubro. Somente em uma das operações, houve a apreensão de vasto armamento: quatro pistolas, dois revólveres, um fuzil, uma espingarda, duas carabinas e munições diversas. Em outra, com três presos, foram apreendidas centenas de cartuchos de diversos calibres – principalmente .380.

 

Execução em frente de revenda

Na noite de 13 de outubro, Kevyn Alcides, de 18 anos, foi executado por uma quadrilha na frente de uma revenda às margens da RS-239, em Taquara. Ele foi morto com dezenas de tiros por três bandidos fortemente armados de fuzil e acredita-se que uma submetralhadora. A execução foi flagrada por câmeras de segurança. Veículos que estavam no estacionamento também foram cravejados de balas. A Polícia Civil pontua que Kevyn foi morto em um acerto de contas com a facção em razão do tráfico de drogas.