Terceira idade em Taquara e o desafio da pandemia

Educadora social Elissiane entregando kit de materiais a serem utilizados nas atividades da semana Fotos: Divulgação

Taquara – Os encontros presenciais foram substituídos pelas telas de celular. As novidades que vinham acompanhadas de expressões de surpresa e entusiasmo agora precisam ser compartilhadas por mensagens de texto. Essa é parte da nova realidade vivida pelos idosos, que são grupo de risco da pandemia de coronavírus e precisam redobrar os cuidados, evitando sair de casa. Apesar das possibilidades que a tecnologia traz, nada é como antes.

Em Taquara, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos oferece acompanhamento ao pessoal da terceira idade. À distância, profissionais da Secretaria de Assistência Social mantêm contato semanal com os integrantes dos grupos, propondo atividades e orientações. “Antes da pandemia, as reuniões eram semanais, com um grupo na segunda e outro na quarta-feira. Se reuniam toda semana. Com a pandemia, como eles já tinham grupo de WhatsApp para troca de informações, usamos ele para continuar os acompanhamentos de forma remota”, conta Caroline Britto, coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Taquara. O atendimento à distância, com videochamadas, passou a ser oferecido no segundo semestre de 2020, e continua até hoje. Além disso, uma educadora social também faz visitas esporádicas para entregar materiais a serem usados nas atividades. “

“Eles sentem bastante falta desse convívio. A gente tenta mostrar que não precisa ser necessariamente com proximidade física. Essa é a forma que encontramos de não deixar eles desamparados”, explica Caroline.

Convívio virtual está longe de substituir o contato presencial
Sandra Lanz, de 59 anos, é uma das taquarenses que participam do acompanhamento do CRAS. Segundo ela, as videochamadas ajudam a passar o tempo, mas nada é como antes. “Acabo sentindo falta daquele contato físico de toda semana. Tu chegava, conversava e cada um sempre tinha uma novidadezinha. Assim a gente conversa, mas não é a mesma coisa”, relata.

A impossibilidade de agregar um grande número de pessoas em videochamadas faz com que os participantes sejam alternados, e Sandra conta os dias para chegar sua vez. “Ainda bem que a gente tem isso”, valoriza ela. Sobre as atividades, Sandra diz que gosta de tudo, desde artesanato até uso de materiais recicláveis. “Eles ensinaram um monte de coisa. É muito bom. É até uma terapia.”

População envelhece
Até a década de 1980, a população brasileira tinha o aspecto de uma pirâmide: muito mais jovens do que idosos. Mas esse formato foi mudando e atualmente mais parece uma caçamba. As projeções do IBGE para 2060 indicam que começaremos a ver um funil etário, ou seja, mais idosos do que jovens. A tendência se confirma em Taquara: em 2012, 13,95% dos moradores da cidade tinham mais de 60 anos; cinco anos depois, em 2017, o percentual pulou para 16,12%. Os dados são da Fundação de Economia e Estatística do RS.

Programa Viver será adaptado ao momento
Interrompido pela pandemia, o Programa Viver — Envelhecimento Ativo e Saudável deve ser retomado no próximo mês. Quem revela é a coordenadora do projeto, Clarice Quadros. O acompanhamento voltará a ser feito através de contato virtual. “Vai ser tudo pelo celular porque lá em 2019 (ano de início do programa) eles já tiveram iniciação nas mídias sociais, então vamos nos comunicar por grupos no WhatsApp”, explica Clarice.

O projeto proporciona um atendimento mais completo, com nutricionista, profissional de educação física, oficinas de tecnologia e administração. Além disso, não é só para o público alvo da assistência social, mas se estende a todos os idosos interessados. No dia 5 de maio haverá retorno do eixo de nutrição. Na semana seguinte, o que volta é o de tecnologia.

Taquara foi pioneira no Rio Grande do Sul ao implantar o programa, que segue diretrizes do governo federal. A primeira unidade do estado, que foi instalada junto ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), é composta por oito computadores, oito webcams, projetor de imagem e impressora. O objetivo principal é auxiliar no processo de inclusão digital e social da pessoa idosa, potencializando suas habilidades e contribuindo para a preservação da autonomia das pessoas com 60 anos ou mais. Neste contexto de pandemia, o projeto também terá a função de promover atividades e entretenimento para os idosos.

A iniciativa do governo federal leva em consideração que a população brasileira está em trajetória de envelhecimento e, até 2060, o percentual de pessoas com mais de 65 anos será 25,5%; ou seja, um em cada quatro brasileiros será idoso, segundo aponta a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).