Especial Dia das Mães: TEA – diagnóstico, características e maternidade

Luciana Jardini e Issak Jardini Lehnen, de 2 anos e três meses, diagnosticado com o grau leve de autismo Foto: Arquivo

Debatido e lembrado especialmente no mês de abril, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um assunto que ganha cada vez mais força nas rodas de conversa. Seja pela importância de se colocar em pauta ou pelo aspecto da conscientização, informações sobre a condição são disseminadas em seminários, livros ou pesquisas científicas.
De uma forma resumida, segundo a Cartilha para Pais e Profissionais da Pessoa Autista do Movimento Orgulho Autista Brasil, o autismo é “uma inadequação no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave e durante toda a vida”, podendo ser identificado através de uma tríade principal de características: prejuízos qualitativos na comunicação; na interação social e no uso da imaginação. Com isso, sinais comportamentais como movimentos repetitivos; fixação por algo (objeto específico, água, ou modo de agir); fuga de contato físico; dificuldade de se relacionar com outras crianças, entre outros devem ser observados.
A cartilha ainda destaca que existem níveis na presença e intensidade dos
sintomas, conferindo graus diferenciados da condição, geralmente identificada nos primeiros anos de vida.
Apesar de ser estudado há mais de 100 anos por pesquisadores e médicos, as causas do TEA ainda não são claras, contudo, há sinais de que as razões hereditárias explicariam metade do risco de desenvolver autismo.

“Lugar de Autista é em Todo Lugar”

Em Igrejinha, em alusão ao abril azul, na quarta-feira (27), foi realizado o 1.º seminário municipal sobre o autismo, com o tema “Lugar de autista é em todo lugar”. O evento reforça o compromisso do município com a efetiva operacionalização do Centro Regional de Referência em Transtorno do Espectro Autista (TEA) em Igrejinha, que funcionará como base para as cidades que compõem a 6.ª Região do Estado (Vale do Paranhana, São Francisco e Cambará).
Recentemente, a Prefeitura anunciou um investimento de mais de R$ 100 mil em adaptações no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) para que o prédio possa ser sede do programa.

“Ele é perfeito para mim”, relata mãe

Em 2022, Luciana Jardini terá o primeiro dia das mães com o diagnóstico de autismo confirmado de seu filho Issak Jardini Lehnen. Embora os primeiros dias da comprovação do espectro tenham sido difíceis, ela afirma sem titubear: “Nunca vou permitir que falem que ele é diferente porque tem autismo”. É dessa forma que com o pai, Davi Lehnen e sua família, a moradora de Igrejinha encara os desafios que surgem no dia a dia.
Issak possui o espectro de grau leve, confirmado aos dois anos. Antes disso, Luciana conta que percebeu algumas características diferentes. “Por ter crianças com idades semelhantes na família notei uma diferença no desenvolvimento deles. Sem contar que ele empilha brinquedos, se eu nego algo ele fica bravo, bate a cabeça na parede”, conta. Por outro lado, a mamãe revela que Issak demonstra uma inteligência incomum para a idade dele. “Se eu coloco desenhos em inglês, ele reproduz o que está passando na televisão na mesma língua. Fala números e cores em inglês também. E para crianças sem qualquer aula ou instrução, não é comum”, explica.
Independente do autismo, o vínculo de mãe e filho é maior, amor que transcende a condição. “Ele é perfeito para mim”, relata a mãe, emocionada.