Taquarense mantém viva a memória da ferrovia

Estação ferroviária em Taquara Fotos: Acervo Pessoal/Antônio Carlos Junior

A paixão pela ferrovia está no sangue. Bisneto, neto e filho de ferroviários, Antônio Carlos Teixeira de Souza Junior externa o orgulho de suas origens através da preservação da memória das estradas de ferro, tendo como foco principal a viação Férrea do Rio Grande do Sul. “Meus avôs trabalhavam nessa linha Taquara-Porto Alegre e Taquara-Canela. O Emílio Ferrari era maquinista e o Lullo Soares de Souza, foi agente, telegrafista, chefe das estações. Trabalhou nas principais estações do Rio Grande do Sul”, relembra Junior.
Pesquisador do assunto desde jovem, o taquarense mantém um grupo no Facebook desde 2009, em que ele reúne informações e troca experiências sobre o assunto com pessoas de todo o país. No ano passado, através de um amigo, resolveu documentar a história da ferrovia inscrevendo o projeto na Lei Aldir Blanc e foi contemplado.
De acordo com Junior, a intenção é de que o material fique pronto em breve, ficando disponível para servir de objeto de pesquisa em escolas e biblioteca da cidade e também da região. “Para quem não conhece a história vai conseguir ter uma noção bem legal sobre o assunto e talvez até surja um interesse de aprofundar a pesquisa”, pontua o pesquisador. Além disso, Junior também deu um spoiler do conteúdo do documentário. “Nós simulamos o trem chegando e saindo aqui da estação em Taquara. Fizemos igualzinho como era na época. Também fiz uma pesquisa com os nomes dos ferroviários que trabalharam aqui na região, não consegui todos, porque foram mais de 60 anos que a ferrovia funcionou, mas foram quase 200 nomes”, revela.

Junior também fala com orgulho sobre o dom de restaurar máquinas e confeccionar miniaturas
 Além das memórias, o taquarense também preserva a paixão pela restauração das máquinas e conta sobre alguns dos seus trabalhos pela região. “Quando eles foram restaurar a estação de Várzea Grande, em Gramado, fui chamado, porque meu pai morou lá, meu avô foi chefe da estação. Então ajudei nesse processo com uma empresa aqui de Taquara (…) Restaurei também a locomotiva da estação de Canela. Durante um ano trabalhamos para restaurar a locomotiva”, lembra.
Junior também confecciona miniaturas de vagões e locomotivas, hobby que herdou do seu avô.

Importância da estação de Taquara para a região
Com relação a relevância histórica que a ferrovia tinha para o contexto que ela estava inserida, Junior ressalta que o meio de transporte foi essencial para o desenvolvimento de Taquara e das cidades vizinhas. “A ferrovia foi inaugurada no dia 15 de agosto de 1903. Ela trouxe o desenvolvimento para todas essas cidades. Elas se criaram ao redor das estações. Para ter noção, há mais de 100 anos tinha cidades na Europa que não tinha uma ferrovia e Taquara já tinha. Então isso proporcionou um desenvolvimento muito grande”, conta.
O pesquisador ainda relembra que a estação de Taquara servia como uma espécie de ponto de partida para as cidades do entorno. “Na época não existia estrada como existe hoje. Não tinha a tecnologia que tem hoje. Então tudo dependia de carreta, as estradas eram muito ruins, era mais fácil colocar no trem”, disse. Anos depois da inauguração da estação de Taquara, segundo conta Junior, foram inauguradas novas linhas, no bairro Sander, em Três Coroas e Várzea Grande, em Gramado.