Taquara 136 anos: Lar Padilha: 44 anos de apoio aos jovens

Foto: Weslei Fillmann

Por Weslei Fillmann

“É quase que teimar contra tudo e contra todos, porque o social acaba sendo o final da fila”. São com essas palavras que Fernandes Vieira dos Santos, diretor do Lar Padilha, fala sobre o trabalho que é realizado na instituição, que atende cerca de 80 crianças e adolescentes esse ano, quando completa pouco mais de quatro décadas de existência no interior de Taquara. Deste tempo, Fernandes participa da construção da história do Lar há quase 20 anos.

 

No início da instituição, que foi criada em abril de 1978, pelo Padre Sebaldo Nornberg (1933-2014), da Associação Beneficente Evangélica Floresta Imperial de Novo Hamburgo/RS, sempre houve um apoio mais significativo de ONGs internacionais. Porém, desde meados de 2013, a instituição precisa se reinventar constantemente, para dar conforto aos jovens que vivem no interior de Padilha. A Associação de Novo Hamburgo ainda mantém o apoio à instituição.

“Houve um momento em que chegamos a ter 90 (adolescentes) atendidos, o que é um número estratosférico. A lotação máxima é 72. O ideal seria 65”, afirma Fernandes. Isso acontece pois o Lar Padilha não atende apenas crianças de Taquara, mas de outras cidades do Vale do Paranhana, Sinos e Caí. De acordo com ele, outras instituições semelhantes ao Lar acabaram fechando pois não conseguiam manter suas contas em dia, inviabilizando as ações sociais.

Hoje, há crianças de 15 cidades diferentes que são atendidas no Lar Padilha. “Cito algumas como Barão do Triunfo, Terra de Areia, Garibaldi e Carlos Barbosa, que são cidades mais distantes. Algumas delas temos apenas uma criança que veio para cá”, comenta Fernandes. Do Vale do Paranhana, não há crianças de Riozinho, Três Coroas e Parobé. No caso da última, há uma casa que acabou sendo municipalizada, que é mantida com o auxílio da Prefeitura.

Com essa mudança, algumas crianças acabaram sendo levadas para o Lar Padilha. Outra questão abordada por Fernandes é que haviam duas casas de apoio em Taquara, que acabaram fechando e parte delas foram encaminhadas para Padilha. Em Rolante, outra instituição foi criada, mas durou menos de seis meses e acabou fechando.

O Lar Padilha quase passou pela mesma situação que esses outros lares. “Em fevereiro de 2011, aqui tinha decretado fechamento, devido ao fim de recursos. Havia um prazo de 60 dias para as crianças saírem e ocorrer a demissão dos funcionários. Porém, com o fechamento da outra instituição de Taquara, as crianças ficariam desassistidas, o que levou a reabertura das operações”, destaca Fernandes. Desde então, o Lar vem funcionando de maneira ininterrupta.

Flexibilidade de idade: o diferencial do Lar Padilha

O diretor Fernandes Vieira dos Santos afirma que muitas instituições queriam trabalhar apenas com crianças de até 12 anos. A partir desta idade, as opções de lares acabavam ficando extremamente limitadas. Por isso, o Lar Padilha se manteve, pois atende adolescentes até os 18 anos incompletos. Conforme a idade máxima vai se aproximando, são feitos trabalhos para que eles conquistem sua independência, sendo reinseridos na sociedade e no mercado de trabalho.