Taquara 136 anos: História através das construções – Passeio Cultural Arquitetônico

Foto: Weslei Fillmann

Por Weslei Fillmann

Contar a história de Taquara através dos prédios que fazem parte da fundação do município do Vale do Paranhana. Esse é o objetivo do Passeio Cultural Histórico Arquitetônico de Taquara, que realiza a sua terceira edição de 2022 no sábado (23). Outros dois roteiros já foram realizados, passando pelos principais prédios da área central, que representam as bases da cidade. A comunidade interessada em prestigiar deve agendar até sexta-feira (22) pelo telefone (51) 3541-9200, ramal 434, ou pelo e-mail museu@taquara.rs.gov.br. A participação é gratuita.

 

Esse projeto cultural é realizado em parceria com os alunos do curso de História da Faccat, que servem como guias e com supervisão da equipe do Museu Histórico Municipal Adelmo Trott. Um dos integrantes da equipe é o professor de Literatura, Laureci Armando Mayca, que fala sobre o aspecto positivo do passeio. “Tornou-se um momento de interação entre os participantes, suscitando lembranças, inclusive de antigas paixões. É uma oportunidade de apropriação da história do município de Taquara através da arquitetura”.

Participante do primeiro passeio histórico, a prefeita Sirlei Silveira ressaltou a importância da realização deste trabalho. “Temos o privilégio de viver em um município centenário. Portanto, é essencial proporcionar para a população o conhecimento sobre a nossa história e tudo o que já foi vivido por aqui. Este é um grande evento cultural, e quem puder prestigiar, entre em contato com a equipe do Museu para confirmar a sua presença”.

Luciano Salvaterra, atual Diretor de Cultura de Taquara, afirma que existe uma preocupação da Administração em fazer um resgate histórico da cidade para a população local e região do Vale do Paranhana. “Esse compromisso dela (prefeita Sirlei) em buscar as origens dos taquarenses através, também, da sua arquitetura e registros históricos, é resgatar esse sentimento de pertencimento do povo taquarense. Por isso, todos esses projetos estão sendo feitos junto ao setor de Cultura, como as restaurações, relocação de museus, cadastro do inventário histórico e a busca por recursos em âmbito estadual”.

Maicon Rodrigues, mestre em História e Chefe de Divisão do Arquivo Histórico Municipal Maria Eunice Müller Kautzmann, afirma que, para fazer esse resgate do “ser taquarense” é necessária a visitação ao passado da cidade, que foi marcada pela colonização de povos de diversas etnias.

Valorizando a história e o “ser taquarense”

O Passeio Cultural Histórico Arquitetônico de Taquara passa por locais como o Palácio Municipal Coronel Diniz Martins Rangel, que é a sede da Prefeitura. Ele foi inaugurado em 1908 pelo próprio Coronel, que era o intendente responsável por Taquara na época. O estilo arquitetônico é o neoclássico e o prédio é considerado o mais importante da cidade inaugurado no século 20. No local, haviam três poderes em apenas uma sede: a Prefeitura, o fórum e a delegacia, divididos por andares.

Logo ao lado da Prefeitura, há a Casa Vidal, importante ponto de referência da cidade. Quando inaugurado, em 1882, foi um local de comércio de tecidos e ferragens. Foi o segundo prédio de alvenaria construído no município e o mais antigo ainda de pé. A Casa Vidal foi edificada pelo coronel Jorge Fleck, que foi o intendente de Taquara por um breve período, na época da Proclamação da República.

Já a primeira construção de alvenaria em Taquara foi a casa de Guilherme Lahm. Construída em 1849, serviu como ponto de referência para os colonos da região, que negociavam suas mercadorias. Essa casa foi demolida há várias décadas e hoje, no terreno, há uma filial do Banco Itaú.

Uma situação emblemática envolve os dois principais pontos de encontro religiosos de Taquara, as igrejas católica e evangélica, que estão localizadas na rua Júlio de Castilhos, uma de frente para a outra. Elas foram construídas ali por ordem de Tristão Monteiro, que buscava fiscalizar as idas de sua segunda esposa para as missas e cultos que ocorriam na época. “Ele (Tristão Monteiro) não queria perder de vista a sua esposa. Ele, nesse casamento, já era mais velho e enciumado. Desta forma, ele garantia o seu poder sobre as movimentações da esposa”, afirma o historiador Maicon Rodrigues.

Datadas de 1884 e 1874, respectivamente, as igrejas possuem os seus altares no mesmo nível. “Não se tem informação de uma igreja católica e uma protestante luterana, uma de frente para a outra, em qualquer lugar do planeta, pela questão da rivalidade”, destaca Maicon.