Setor calçadista demite mais de mil trabalhadores no Vale do Paranhana

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Região – Setor que já vinha sofrendo com demissões e fechamento de empresas nos últimos anos, a indústria calçadista intensificou as dispensas após o início da crise causada pela Covid-19. Em Três Coroas, segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados (SICTC), Joel Klippel, foram pelo menos 580 encerramentos de contrato nas últimas semanas.

Em Parobé, foram cerca de 440 industriários que perderam seu trabalho, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Calçado e Vestuário da cidade, João Nadir Pires. Foram 187 demissões na Calçados Bottero e 131 na Usaflex. Cerca de 50 parobeenses que trabalhavam na Beira-Rio de Sapiranga foram dispensados na manhã de terça-feira (7), e somam-se aos números outras 62 pessoas que perderam o emprego em empresas de menor porte.

O Sindicato dos Trabalhadores de Igrejinha não soube informar o número de demissões no Município porque muitas empresas fizeram internamente o processo. Contudo, a entidade afirma que a Beira-Rio da cidade começou a demitir no início da semana e pelo menos 10 funcionários já procuraram o sindicato. Outros 20 teriam sido dispensados da Usaflex. Contando estes números, são mais de mil demissões no setor calçadista nos últimos dias na região.

Retomada dos postos de trabalho depende do reaquecimento da economia nacional
O presidente do SICTC, Joel Klippel, avalia que “só o tempo pode dizer sobre a retomada desses empregos. O consumo deu uma freada muito forte e em todo o Brasil houveram demissões. Existe também a preocupação de que a situação demore a se normalizar porque as pessoas estão com medo. A curto prazo, não se recupera”.

Quem sente na pele
A taquarense Tamara Schaeffer trabalhava há mais de dois anos na Usaflex de Parobé e foi surpreendida com a notícia de sua demissão no dia 20 de março. “Colocaram toda uma montagem para a rua. Fiquei muito sentida. Estava com um cirurgia marcada para remoção de um cisto”, relata. “Mantive com meu dinheiro o plano de saúde para realizar o procedimento”, conta.

Demitir agora é precipitação
Para João Nadir Pires, demitir agora é uma atitude precipitada. “Acho que não é a hora para isso, pois é preciso conhecer os programas de socorro às empresas. Elas também cumprem um papel social”, afirma. Apesar disso, o presidente do sindicato reconhece que os empresários temem o endividamento.