Serviços dos Correios são normalizados no Vale do Paranhana após fim da greve

Região – Depois de mais de uma semana de paralisação parcial, os funcionários dos Correios encerram a greve no Rio Grande do Sul. Na noite de terça-feira (17), uma assembleia realizada pela categoria, em Porto Alegre, foi palco da decisão. 

A greve teve diferentes níveis de adesão no estado e no Brasil. Nas cidades do Vale do Paranhana o serviço foi pouco afetado, pois a maioria dos atendentes e carteiros não pararam, mas agora o efetivo completo retorna ao trabalho. Em nota divulgada à imprensa, a empresa afirma que “desde o início da paralisação parcial os Correios colocaram em prática um plano de continuidade de negócios, que estabelece ações de contingência para amenizar eventuais impactos à população”. A estatal afirmou ainda que realizou medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação e a realização de mutirões nos fins de semana.

De acordo com os Correios, a paralisação foi suspensa em todo país para que as cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2018/2019 fossem mantidas até o dia 2 de outubro, data do julgamento do dissídio coletivo da categoria pelo colegiado do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O ACT tinha vigência até o dia 31 de julho de 2019, mas o TST apresentou uma proposta em que o acordo se estendesse até o dia do julgamento do dissídio. A estatal aceitou a medida, com a condição de que fosse encerrada integralmente a greve até às 22h da terça-feira (17).

Falta de acordo entre direção da empresa e sindicatos levou à ação de dissídio no TST 

De acordo com Luis Carlos Vieira, diretor da subsede do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do RS (Sintect) nos vales do Sinos, Caí e Paranhana, anualmente, de junho a julho, existe um calendário de negociações sobre o ACT. Neste ano o novo acordo proposto pelos Correios veio contra os interesses da categoria e nas reuniões nenhum meio termo foi acertado entre as partes. O resultado deste quadro foi uma ação de dissídio coletivo junto ao TST, movida pelos Correios. Agora, caberá ao tribunal analisar os termos e decidir qual será o acordo em vigência até o próximo ano.

Retirada de benefícios motivou paralisação

O diretor regional do Sintect, Luis Carlos Vieira, afirma que esta foi uma das maiores paralisações recentes na história do país. “Somos cerca de 36 sindicatos por todo o Brasil. Tivemos adesão em todos os estados. Lutamos contra o pouco reajuste e à retirada de direitos. Se não tivessem proposto a retirada de benefícios, não haveria greve. Foi uma das maiores desde 1995”, destaca. O sindicalista acredita que a proposta oferecida pela empresa aos funcionários visa a privatização da estatal. “Eles estão enxugando a máquina para poder vender. A gente vai lutar contra isso até o final. Os Correios não nasceram para dar lucro”, relata. Vieira defende que o diferencial da empresa é fazer entregas em lugares onde outros não vão, como periferias e cidades pequenas.

Motivos do desacordo 

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a categoria reivindica um reajuste salarial de 3,5%, valor que representa a reposição da inflação, enquanto que a empresa oferece 0,8%. “Esse ano querem retirar o direito ao Vale Alimentação, ao percentual a mais de férias, e também outras cláusulas que preveem benefícios”, explica Vieira. Além disso, a greve havia sido aprovada em protesto á possível privatização dos Correios. 

Em nota, a estatal manifesta seu posicionamento. “Os Correios vêm atuando na construção de um acordo coletivo de trabalho condizente com a sua situação econômica atual. Hoje, o prejuízo acumulado pela empresa é de aproximadamente R$ 3 bilhões.  As federações, por sua vez, reivindicam vantagens impossíveis de serem concedidas no atual momento da empresa e da própria economia do país. Com o julgamento do dissídio pelo TST, a empresa espera chegar a um entendimento razoável sobre o ACT 2019/2020, com a confiança de que o Tribunal reconhece a importância de, neste momento, retomar o equilíbrio financeiro de uma empresa tão estratégica quanto os Correios”.