“Sempre acreditei que traria ela para casa”, diz mãe de bebê de Riozinho que passou 10 meses internada

Mamãe Aline com a pequena guerreira, Hellena Foto: Lilian Moraes

Foram 304 dias de uma intensa luta. Após 10 meses internada no Hospital Conceição (HCC) de Porto Alegre, a pequena Hellena da Silva Smaniotto, desde a última quinta-feira (18), vive a sua rotina sob os cuidados diários de seus pais e avós em sua casa, na cidade de Riozinho, o que não era uma realidade desde janeiro deste ano.
Em princípio, o que era para ser apenas uma internação em função do nascimento precoce, se tornou uma batalha pela vida. Em março Hellena contraiu o covid-19 e precisou ser intubada, ficando 45 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após um período delicado em que ela precisou de ventilação e passou por procedimentos necessários para o seu quadro, Hellena foi liberada para voltar para o quarto.
Contudo, menos de uma semana depois, outro choque: a pequena acabou desenvolvendo uma bronquiolite, contraindo o vírus sincicial respiratório (VSR) e precisando retornar para a UTI.
Luiz Braun Filho, médico intensivista pediátrico do HCC, relembra a situação de Hellena após o VSR. “Os dois ‘pulmõezinhos’ dela foram muito afetados por essas doenças virais e então a gente teve que usar uma estratégia de ventilação mecânica, que chamamos de protetor, para tentar melhorar ela o máximo possível, mas isso foi um processo muito longo, demorado e envolveu as equipes de pneumologia junto com a UTI pediátrica, fisioterapia e todos os cuidados de enfermagem”, conta o doutor.
A mãe, Aline da Silva, de 24 anos, cita que nunca perdeu as esperanças de que a bebê retornaria para casa. “Foi um período difícil, mas eu sempre acreditei que traria ela de volta”, afirma.
Neste período, Hellena precisou passar por uma traqueostomia para auxiliar a chegada de ar até os pulmões e uma gastrostomia, já no fim da internação, para poder se alimentar através de sonda na continuação do tratamento em casa.

Agradecimento Especial

Radiante por ter sua filha em casa, a mãe não esquece das equipes de saúde que estiveram com a família desde o início desta fase. “Eles trataram a Hellena como filha. Fizeram tudo que tivesse ao alcance deles. Só temos a agradecer. Vamos ser gratos sempre”, expressa Aline. “Ao pessoal aqui de Riozinho também, os motoristas que nos levaram para lá durante estes meses. Ninguém mediu esforços para nos acompanhar qualquer hora que fosse”, completa a avó paterna Delvia Fagundes. Além da irmã gêmea, Victória, Hellena agora compartilha o dia a dia com o irmão Vitor Hugo, de dois anos.

Médico explica

Embora seja incomum que crianças contraiam covid de uma forma agressiva, o doutor Luiz, que acompanhou Hellena durante todo o período em que esteve internada na UTI, explica o caso da pequena guerreira. “A peculiaridade do caso dela foi por ser prematura, ter uma doença pulmonar, ter desenvolvido uma covid grave e já e em cima dessa covid ela ter feito outra infecção viral [bronquiolite por VSR] que é bem mais comum em pediatria, mas para uma criança que tinha tanta comorbidade foi pior. No caso dela teve essa evolução pior num primeiro momento”, esclarece. “Agora acredito que a gente vai ter sucesso na sequência do tratamento ambulatorial e esperamos que ela tenha pleno desenvolvimento”, finaliza.