Sem bilheteria, circo instalado em Taquara depende de boas ações

Devido à pandemia, local está impossibilitado de receber público há mais de um ano Fotos: Matheus de Oliveira

Taquara – O palhaço não tem mais ninguém para fazer rir. O trapezista nunca mais sentiu o calor dos aplausos após um número. O malabarista perdeu o público acurado que o assistia. O que era para ser espetáculo acabou virando precariedade. Impedido de realizar apresentações e arrecadar com bilheteria desde março do ano passado, o Circo Show, instalado na RS-115 em Taquara, tem se mantido através de doações de alimentos e pequenas vendas.

São 21 dias que se transformaram quase em uma eternidade. A intenção do grupo era ficar na cidade por apenas três semanas, mas já se passaram um ano e quatro meses desde a chegada, e não há previsão de quando poderão levantar acampamento, já que isso representa custos. “De lá pra cá não conseguimos apresentar nada porque toda forma de espetáculo foi proibida”, explica Cleide Aparecida, de 46 anos, responsável administrativa pelo circo.

Sem auxílio financeiro do poder público e sem fonte de renda, o grupo de 13 pessoas, entre crianças e adultos, conta com doações da comunidade para ter o que colocar na mesa. “A gente não pode reclamar de comida porque tem a população de Taquara. Se eles não abraçassem o circo a gente estaria passando fome”, diz o trapezista Caio Henrique, de 22 anos.

A única forma de arrecadação é através da venda de ‘bolas do Kiko’, que saem por R$ 10. “As contas de água e luz dão quase R$ 500, e não sai isso de bolas em um mês. Tem semanas que a gente vende só quatro”, pontua Caio. “A gente até sairia para vender, mas o carro está estragado, sem bateria, e com os documentos vencidos”, acrescenta Cleide.

Grupo aguarda próximo decreto
Os artistas aguardam ansiosos pela publicação do decreto que trará as novas definições do sistema de enfrentamento à pandemia no RS. Conforme anunciado pelo governo, o sistema entrará em vigor no próximo sábado (15). Quando ocorrer a liberação para espetáculos, o grupo pretende ficar por três semanas na cidade. “Seria injusto com a população de Taquara a gente não estrear”, ressalta Cleide.

Entre as atrações, o circo conta com globo da morte, show kids, palhaço, malabarista, atirador de facas e trapezista.

Saiba mais
Além das dificuldades, ainda é preciso conviver com a saudade dos palcos. “São centenas de crianças, abraços e elogios até. Não tenho mais a recordação do que é terminar um número, agradecer e sentir o aplauso”, diz o trapezista Caio.

Mesmo se puder retomar os espetáculos, o circo precisa de ajuda. Conforme Cleide, é preciso atualizar uma série de documentos, como alvará dos bombeiros, o que envolve custos. Quem quiser contribuir, seja com alimentos, produtos de higiene ou valores em dinheiro, pode ir direto no local ou entrar em contato através do telefone (51) 98206-3640.