Secretário de Desenvolvimento Social de Igrejinha detalha programas e ações

Secretário de Desenvolvimento Social, Mateus Spohr. Foto: Divulgação / Prefeitura de Igrejinha

Igrejinha – Responsável por atender grupos de maior vulnerabilidade econômica e pessoas à margem da sociedade, a Secretaria de Desenvolvimento Social se tornou ainda mais importante no contexto da pandemia. Alguns projetos foram paralisados pela impossibilidade de encontros presenciais, mas benefícios essenciais como doação de cestas básicas e acompanhamento familiar continuam auxiliando quem mais precisa.

Desde janeiro de 2021 quem está no comando da pasta em Igrejinha é o secretário Mateus Spohr. Entre os principais serviços, ele elenca o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas), ligados à prevenção de situações de risco.

“Antes da pandemia, havia uma procura mensal de 100 a 120 cestas básicas por mês. Agora, fazemos esse número de atendimento a cada semana. Historicamente o público que faz essa procura é socioeconomicamente mais frágil, mas dentro da pandemia tivemos acréscimos de outros grupos porque pessoas com custo de vida maior acabaram ficando sem dinheiro para comida”, explica, classificando o segundo grupo como temporário, enquanto o primeiro é de permanência.

Atualização de dados 
O secretário frisa que todos os benefícios oferecidos pelo município ou pelo governo Federal têm como porta de entrada o CadÚnico — instrumento de coleta de dados para identificar famílias de baixa renda. “Nossos índices são muito baseados nas portas de entrada dos serviços, então temos uma permanente atualização. Não existe uma campanha ou movimento próprio pra isso”, observa. Conforme Mateus, o Cadastro Único tem cerca de três mil registros em Igrejinha. Entretanto, o índice pode estar defasado porque muitas pessoas se inscreveram para ter acesso às moradias populares. “O governo federal por vezes também exclui cadastros que não tenham sido atualizados”, acrescenta.

Reestruturação no quadro
A secretaria, que conta com cerca de 30 servidores, atualmente passa por uma reestruturação em seu quadro que deve durar até junho. Também haverá mudança no espaço físico. “Vamos incorporar no Cras a leva do Cadastro Único, que estava aqui na parte administrativa. Tem a questão também dos benefícios eventuais que por muito tempo ocorreram aqui dentro, mas passaram também para o Cras. Essas foram as mudanças mais sensíveis.”

ENTREVISTA

Jornal Repercussão: em relação a moradias populares, hoje existem dois espaços no município. Há projeção de algum novo loteamento?
Mateus Spohr: Pelo meu conhecimento, não. Sobre isso, de forma geral, o município entra com contrapartida do espaço onde vai ser construído e quem acaba organizando as questões de sorteio e critérios para quem vai ser beneficiado, linhas de corte, é a Caixa Econômica Federal. Em regra, os contratos deles e as taxas de financiamento são diferentes de um financiamento privado, onde pode adiantar as parcelas, pagar a primeira e a última. Dentro desse meio tu não consegue. São dez anos de contrato, onde se paga uma taxa mínima, de R$ 80 a R$100 reais. Então acaba não sendo do município a gestão e controle desses organismos. Mas, o que compete a mim, é fomentar as intervenções do CRAS e do Creas no território, de produzir oficinas locais, isso sim acaba sendo nosso, conhecer o território, ver fragilidades. Os moradores de lá são atendidos por nós nas questões de carências.
JR: um dos programas vinculados à secretaria é de erradicação do trabalho infantil. Existe esse problema hoje no município?
 MS: Ele também é (um programa) continuado Esse programa de erradicação do trabalho é um cofinanciamento do governo federal. Isso significa pagar mão de obra, pagar as atividades, e faz dois anos que o governo não vincula esse cofinanciamento. Mesmo assim, o recurso que vinha era mínimo e era preciso utilizar do caixa livre. Como já era assim, nós acabamos utilizando a estrutura de CRAS e CREAS nas intervenções para ações de prevenção, de trabalho, de cuidado, pra quando receber denúncia poder averiguar, encaminhar ao ministério do trabalho. Mas hoje, uma ação específica em plano não existe. Existe quando há denúncias. Essa não é uma demanda grande porque entram aí questões culturais. A gente mora num país e numa cidade em que se ouve muito que o trabalho dignifica, que é melhor estar trabalhando do que estar na rua. Chegam poucos casos por isso, por se ver com bons olhos o fomento do trabalho infantil. Nós tentamos quebrar esse paradigma e esse ciclo com trabalhos nas oficinas, mas é algo muito velado.