Restrições impostas pela bandeira vermelha deixam comércio em situação crítica na região

Restrição logo na entrada dos estabelecimentos tem espantado clientes. Fotos: Matheus de Oliveira

Região – A experiência de andar pelas ruas tem ganhado novos elementos à medida que o coronavírus avança na região. O “novo normal” já esvaziou as vias públicas, popularizou o uso de máscaras de proteção e, agora, o que chama a atenção de quem circula pelas cidades é a impossibilidade de entrar em estabelecimentos de comércio e serviços. A restrição atende aos protocolos da bandeira vermelha do modelo de Distanciamento Controlado do Estado, que vigora pela terceira semana seguida nas cidades do Paranhana.

Apesar da possibilidade de manter o negócio em funcionamento, o atendimento na porta tem dificultado as vendas. “Do jeito que está, tem dias que abrimos pela manhã e fechamos no fim do dia sem vender nada”, relata Jobrail Abdala, proprietário de uma loja de confecções situada no Centro de Taquara. O comerciante lamenta que já esteja há alguns meses sem pagar o aluguel do prédio. “Pra tocar o negócio, é só empurrando com a barriga. O aluguel vou ter que acertar depois, com juros. Se der pra empatar o dinheiro esse ano, saio com as mãos pra cima”, comenta.

Realidade dos negócios

João Moraes, proprietário de uma loja de calçados no Centro de Taquara.
“Quase não temos mais clientes. Depois que restringimos a entrada, o movimento caiu para menos da metade do normal. O faturamento que a gente tinha de R$ 100 mil por mês está em R$ 25 mil. Assim, mal dá para pagar o aluguel e os funcionários. Por estar restrito, a maioria das pessoas prefere nem vir na loja. Eles querem poder usar o calçado, provar.”

Vinicio Morgenstern, presidente da CDL de Igrejinha e Três Coroas.
“A maior parte dos associados de nossa entidade que nos procuram estão buscando saber mais orientações de como trabalhar, quais as formas legais que podem se manter ativos, assim como as questões com seus colaboradores, além de alternativas de se manterem em funcionamento e com resultado.“

Boletos a pagar

João Moraes relata que foi preciso suspender o contrato de duas funcionárias de sua loja, que irão receber parte do salário através de auxílio do Governo Federal. Em relação aos custos fixos, ele explica que a saída é prorrogar o pagamento dos boletos. “Nós pagamos R$ 60 mil de boletos por mês. Se eu não vender o produto que compro, não gira. Não dá nem para empatar. Temos que jogar o pagamento para frente, não tem o que fazer”, explica.

Adaptações vão ficar no pós-pandemia

Atendimentos em plataformas digitais, entregas, disponibilização de mercadoria para que seja retirada no local são alguns elementos que passaram a integrar a rotina de quem luta para manter seu negócio. “No início, esta adaptação criou uma certa estranheza, tanto entre os comerciantes quanto para os consumidores, como qualquer coisa nova”, pontua o presidente da CDL de Igrejinha e Três Coroas Vinicio Morgenstern. “Acreditamos que esta nova adaptação vai seguir até depois desta pandemia passar”, ressalta.

Olhar otimista do momento

Embora a CDL não tenha um número exato de quantos estabelecimentos foram fechados nas duas cidades, Morgenstern destaca que foi baixo em comparação com outros municípios. “A dificuldade está em todos os lugares. Porém, vimos que muitos buscaram novas alternativas para se manter no mercado e a maior parte está conseguindo”, avalia.