Recuperação do solo da horta do presídio de Taquara prevê aumentar o cultivo e a produção

Visita foi realizada no presídio para avaliação do solo. Créditos: William Coelho

Taquara – Uma parceria entre a Administração Municipal, através da Secretaria de Interior e Serviços Rurais, a Emater e o Presídio Estadual de Taquara está em tratativas para beneficiar a comunidade taquarense que passa por situações de vulnerabilidade social, principalmente devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. A iniciativa visa otimizar a horta da casa prisional recuperando o solo visando uma produção melhor e mais rentável o que favorecerá ainda mais pessoas, pois além de servir para o próprio consumo, os alimentos ali plantados e cultivados pelos detentos serão o sustento de muitas famílias.

“Esta é uma parceria que merece a nossa gratidão, pois muitas famílias terão alimentos fresquinhos cultivados pelos detentos que cumprem pena no local. Neste primeiro momento, estamos fazendo o levantamento e a análise do solo para que possamos trabalhar na sua recuperação. A horta já é utilizada e muitos legumes e verduras já são disponibilizados ao CRAS para o repasse às famílias, mas queremos melhorá-lo para que a qualidade dos alimentos aumente e se possa plantar ainda mais”, destacou o secretário de Interior e Serviços Rurais, João Carlos de Brito.

Brito relata que a parceria iniciou com a visita da prefeita Sirlei Silveira ao local. “A prefeita fez algumas visitas ao presídio e solicitou que fossemos auxiliar na questão da horta. Os técnicos da Emater e da Prefeitura fizeram um levantamento e perceberam que havia a necessidade de recuperação do solo. Estamos trabalhando nisso, algumas cargas de esterco já foram destinadas e a análise do solo foi encaminhada para Porto Alegre, assim saberemos o que podemos fazer para melhorar o cultivo”, reitera.

Parceira da iniciativa, a Emater está auxiliando na análise do solo. A coleta já realizada está em processo de interpretação. “O presídio já tem uma horta implantada e em produção, mas queremos potencializar a questão dos alimentos que serão cultivados e doados para famílias carentes. Vamos analisar o solo para avaliar o que precisa ser feito a fim de aprimorar a demanda. Futuramente pretendemos fazer plantio direto com menos manejo, reduzindo a questão de maquinário também, pois a horta é muito grande e o presídio não dispõe de muitos recursos e infraestrutura para mantê-la”, explica a chefe do escritório municipal da Emater, Carine Gross de Barros.

A ação em andamento também conta com a ajuda de Nara Mattos, representante do Espaço Sócio Ambiental Nara Mattos, que neste primeiro momento auxiliou na aquisição de adubos junto às instituições que integra, e da vereadora Carmem Fontoura que também arrecadou insumos para a fertilização do solo e fornecimento de nutrientes às plantas cultivadas até que a análise do solo seja finalizado. As visitas no presídio também contaram com a presença do técnico agrícola do município, Juciano Pires Cerveira e do diretor de Agricultura, Daniel Ricardo Zwetsch.

Segundo a diretora da casa prisional, Mara Pimentel, a horta existe há bastante tempo e os alimentos eram destinados a outras entidades como exemplo para escolas estaduais, municipais de Taquara, Lar Padilha, Apae, Festejos Farroupilhas, Igrejas e familiares de apenados. “Com a pandemia, escolas fechadas e acessos bem restritos, diminuímos a produção. Logo, com a economia estagnada do momento, pensei em contatar a Secretaria de Desenvolvimento Social onde nos foi relatada a necessidade das famílias de baixa renda e a procura por alimentos. Pensando em um enriquecimento nutricional, nos dispusemos a fornecer os “hortifrutis””, menciona Mara.

A diretora salienta que este trabalho realizado no presídio vai muito além do envolvimento dos detentos com o plantio e colheita e das doações dos alimentos. “Esta ação agrega parcerias e levam à sociedade um pouco da nossa história, de como de fato é desempenhado o nosso trabalho, algo importante porque sabemos que quando se fala em sistema prisional as pessoas não querem ver, ouvir ou falar. Precisamos mudar essa cultura e fazer com que entendam que temos o compromisso de entregar de volta ao convívio social, seres humanos melhores, pra isso temos quer ser vistos, falados e ouvidos. Precisamos estarmos juntos com a sociedade! O ato de produzir e doar traz ao apenado a real noção que ele pode agir de maneira correta, que pode ter orgulho e é admirado pelas pessoas. O efeito é surpreendente”, afirma Mara.