Por Fábio Radke
Região – Denúncias de vendas de lotes de loteamentos também no Vale do Paranhana, por parte de membros da Cooperativa Habitacional Inovasul Ltda, de Sapiranga, já resultou em ocorrência policial por estelionato contra os diretores e também consulta por parte do Ministério Público (MP). O morador de Sapiranga, Valdir Krummenauer, é um dos que adquiriu uma área em um loteamento em Igrejinha. Ele foi um dos que procurou a reportagem denunciando irregularidades.
O secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Igrejinha, Jeferson Corá, confirma que o MP já fez um pedido de informações ao Município. “Já respondemos nos manifestando de que não há licença, nenhum processo tramitando, sequer pedido para realização de loteamento em nome dessa cooperativa. Possivelmente eles fizeram algum tipo de venda e compra de área, sem a devida passagem pelo Município. Muitas vezes, cooperativas, pessoas físicas e jurídicas se aproveitam para fazer esse tipo de negócio de venda de terrenos apenas por contrato, o que não é permitido”, disse.
A reportagem novamente tentou contato com os integrantes da equipe e citados nas negociações. O presidente Joni Luis de Quadros não atendeu a ligação e não retornou a caixa de mensagens para responder sobre a posição do Município. Enquanto que a ligação para o telefone do tesoureiro Daniel Machado também não foi atendida. Apontado como o responsável por supostamente trazer compradores até os dois sócios que assinaram diversos contratos de compromisso de permuta, Avelange Carvalho Pires, caiu em contradição. Em outro momento havia informado à reportagem que não tinha relação com a cooperativa e que somente prestava serviços para a Inovasul. Avelange disse ao telefone, por último, que informações publicadas na edição do Repercussão no Vale do Sinos não eram verdadeiras. “Tem coisas que eu vou te questionar bastante. Não tem fundamento. Confere um pouco mais antes de colocar no jornal. Meu advogado vai entrar em contato com vocês. Principalmente atraso de aluguel. O funcionário foi mandado embora, só isso, certamente queria umas coisas diferentes”, disse.
Ex-funcionária fala
Avelange fez menção à manifestação de uma ex-funcionária da cooperativa Inovasul, que prefere o anonimato, e ela discordou de manifestação de Joni em reportagem da edição do Jornal Repercussão, de 9 a 15 de janeiro, no Vale do Sinos. Ela dialogou com a reportagem do Repercussão e inclusive fez mais denúncias e discordou da versão dada pelos diretores. “Eles fecharam o escritório no centro (de Sapiranga) pois havia muito aluguel atrasado e todas as outras contas, inclusive o salário dos funcionários. Venderam sim todos os terrenos sem nem ter encaminhado a licença prévia (LP), estão devendo milhões para agiotas. Eu saí da empresa por não receber salário, eles mentem demais”, declarou a ex-funcionária.
A ex-funcionária também reforça que a informação da existência de um novo endereço em Estância Velha, segundo informado pelo presidente Joni, também não é verdadeira. “Só estão enrolando, na verdade a cooperativa faliu, os sócios gastaram todo o dinheiro, e agora não tem para pagar as dívidas e nem encaminhar as licenças das áreas, pois somando ao todo passa de 40 áreas de terras que eles têm, nenhuma em andamento”, denuncia. Ela afirma ainda que os pagamentos em dinheiro iam para os próprios sócios e não eram registrados em ata.
Nova sede agora seria em estância velha
Originária de Sapiranga, o endereço da sede da Inovasul é informada na internet como a Rua Alberto Schmidt, 92, no Centro. A sala que era alugada está até hoje fechada e permanece com o logo da cooperativa no imóvel. Alguns associados que se dizem lesados pela cooperativa também informaram que houve uma mudança para a Rua Presidente Kennedy, aonde também ninguém mais da equipe foi localizado. A nova sede estaria agora no município de Estância Velha. Quando questionado pela reportagem, Joni não soube confirmar o endereço com número ou telefone de contato para informar aos associados.
Endereços diferentes foram informados aos associados
A primeira sede da cooperativa ficava na rua Alberto Schmidt. Um novo endereço era informado na sala já vazia. Segundo uma associada que conseguiu conversar ao telefone com o tesoureiro Daniel, a nova sede informada seria em rua diferente da informada no cartaz. “Fomos até o endereço onde ele (Daniel) me passou por telefone, na rua Duque de Caxias, 222, sala 102. Achei o endereço mais residencial, sem placas, olhando da rua, claro. Já o endereço informado na placa (colada na primeira sede), era na Rua Presidente Kennedy, 563, uma casa relativamente abandonada, com grama alta, sem nenhuma de identificação”, narrou a mulher. A associada, que pagou por um lote, ainda foi ao endereço informado no cartão CNPJ da cooperativa, na rua Padre Reus, 770, sem identificação, aonde funciona um atelier de decoração.
Explicação para a mudança de sede, hoje desconhecida
A mudança de endereço justificada pelo presidente da cooperativa, de Sapiranga indo para Estância Velha, seria porque a cooperativa estaria com diversos negócios naquele munícipio do Vale do Sinos. Joni ainda ficou de retornar para a reportagem com o endereço completo da sede em Estância Velha e também o telefone para o contato telefônico.