Personagens históricos do Esporte Clube Independência lamentam abandono

 Riozinho – A história do Esporte Clube Independência, que nesta semana, completou 70 anos de fundação, vê a sua trajetória de glórias e momentos marcantes para a comunidade riozinhense se perder com o passar dos anos. Quem passa em frente do prédio histórico, vê uma fachada sem vida e vegetação crescendo nas paredes. No interior, o ambiente é sombrio, as paredes apresentam muitos pontos de umidade e fica nítido a falta de manutenção preventiva em diversos locais do imóvel. Ao entrar na área de lazer e esportiva, observando a estrutura de dentro do campo, também fica nítida a degradação, com diversos pontos de mofo na pálida pintura do prédio.

Foi por volta de 2015/2016 que, administrativamente, as coisas tomaram um rumo diferente do idealizado pelos fundadores, lá em 1951. A diretoria atual nomeou um ecônomo (espécie de gerente da estrutura), mas não estabeleceu um contrato com obrigações e manutenções preventivas. O resultado é possível perceber ao passar em frente do local.

No fim de 2020, ex-membros e sócios-proprietários do Independência iniciaram uma mobilização para reorganizar o clube. Herdeira de um dos títulos de propriedade da entidade, Jaqueline Dal Castel, está à frente de um movimento que busca reorganizar o clube.

Meta é reativar diretoria e, para isso, grupo foi atrás de toda a parte documental

Jaqueline explicou que ela e mais quatro pessoas estão empenhadas e buscam reativar a diretoria. “Fomos atrás da documentação, nos dificultaram o acesso em documentos da entidade, nos forçando a registrar um boletim de ocorrência. Fomos no Cartório, na Receita Federal e regularizamos tudo certinho. Quando chegou a hora de assumir, logo depois de ganharmos o alvará da Receita Federal no meu nome, nos barraram no Cartório. Surgiram atas relatando a existência de uma diretoria ativa. Sabemos que isso não é verdade, pois a estrutura do clube está toda degradada”, relembra Jaqueline.

Resgate histórico do clube

O movimento de reorganização, liderado por Jaqueline, iniciou logo após a eleição dos novos membros, em novembro de 2020. “Existe suor de muitas pessoas aqui no clube e nosso objetivo é proporcionar ações recreativas para a nossa comunidade tão sofrida e carente de uma educação esportiva e um ambiente bom. Queremos proporcionar um ambiente bom de lazer para as crianças, adultos e idosos, resgatando os jogos de carta e bocha. Mas, tudo dentro da legalidade. Queremos alegrar a todo mundo e resgatar a história. Aqui tem muito suor de muitas famílias, e de muita gente de bem. Nessa semana em que completamos 70 anos, é uma pena que não consigamos fazer uma atividade para alegrar a nossa cidade”, lamenta Jaqueline.

DAVID CITA DESLEIXO

David Luiz Barbieri integrou a diretoria do Independência por quase 30 anos. “A maior parte do tempo fui secretário, mas também atuei como tesoureiro. Estou decepcionado com a situação que se armou. É um desleixo. Temos que descobrir uma outra maneira para fazer as coisas andarem. Aquele sistema não funciona mais e não podemos perder esse patrimônio todo, que é da comunidade que ajudou a erguer o clube”, pondera.

O QUE DIZ INTEGRANTE DA ATUAL GESTÃO

O atual presidente da entidade, Douglas Koch, o Kinho, disse que desde quando lhe foi passada a presidência, nunca conseguiu administrar. “Interviram e nem recebi a chave até hoje. Estou preparado para assumir e vou buscar parceria nos setores público e privado para arrecadar recursos para promover melhorias. O que está ocorrendo é um jogo político. Em 2009, havia R$ 30 mil em dívidas e, hoje, existe mais ou menos R$ 50 mil em caixa. Conto com duas equipes de advogados para colocarmos o clube nos trilhos”, pontua.

Moradores e ex-membros da diretoria do esporte clube independência avaliam momento delicado do clube

Jaqueline Dal Castel, sócia-proprietária.


“Tenho uma história com o clube. Tentamos dar posse a uma nova diretoria, mas por uma articulação da atual gestão, fomos impedidos de assumir e o caso está na justiça. Alegaram que a diretoria está ativa, mas sabemos que não é verdade. O ambiente e a estrutura do Esporte Clube Independência está degradada. Estamos empenhados em reativar a diretoria e promover a reorganização do clube, resgatando as origens lá daqueles que fundaram o clube há 70 anos atrás”.

Ilda Corso Bernard.


“Fiquei chocadíssima quando entrei no clube esta semana. Fazia mais de 10 anos que eu não entrava mais aqui. Eu trabalhei, voluntariamente, bastante tempo na cozinha em domingos quando ocorriam jogos. Recordo de quando existia o clube de casais, as confraternizações e era tudo limpinho. Meu esposo (Arlindo Bernard) e eu jogávamos bocha na quadra, e toda a sexta-feira, saía nosso jogo, era um bom tempo. Hoje, está tudo atirado”.

Valmir Rischter da Silva.


“Eu participei e trabalhei muito como voluntário e sócio. Lembro do antigo salão, quando ainda era de madeira. Hoje vemos que o Independência não é mais o que era. Ao redor do campo era muita gente. Precisamos reestruturar a diretoria para devolver o clube para a população. A Jaque montou uma diretoria para voltar a funcionar. Se ela conseguisse botar uma diretoria mudava tudo isso. Se tiver diretoria que sabe cuidar, o povo ajuda, os sócios antigos ajudam e é o que precisamos”.

Enor Luiz Tódero, ex-presidente e sócio.


“Trabalhei e integrei a diretoria por muitos anos. Ajudei a construir o primeiro vestiário e o atual também. Eu trabalhava em uma madeireira e, depois da hora, dedicávamos nosso tempo para construir a estrutura que existe aqui hoje. Foram quase 30 anos dedicados ao Independência. Sempre deixei claro nas reuniões que quando eu percebesse que algo não estivesse correto, eu levantaria e reclamaria. As fotos históricas do clube estão atiradas em uma sala. Me coloquei à disposição para resgatar essa história e a diretoria atual fez pouco caso”.

Daniel Pandolfo, ex-treinador do Independência.


“Fui jogador e treinador do Independência. Quando existia organização, disputamos o Campeonato do Paranhana na década de 1970. Quando Riozinho pertencia a Rolante, disputamos o municipal com outras 12 equipes, chegando a se sagrar campeão contra o Internacional de Rolante. Mas, o grande título foi o Campeonato do Paranhana, onde vencemos o time do Taquarense, de Taquara, na categoria 1º Quadro. Depois, conquistamos um vice-campeonato, em 1995, também do Campeonato do Paranhana”.