Parobé 40 anos: Morro da Pedra e a Tradição Familiar

Por Weslei Fillmann

A localidade de Morro da Pedra, que se encontra na divisa entre Parobé e Taquara, separados por apenas uma rua, a Estrada Integração, serve como local de extração de materiais de construção, principalmente de blocos de granito e lajes. João Arcelino da Silva e seu filho, Luciano Orcelino da Silva, trabalham há mais de quarenta anos na região.

 

Quando começaram a realizar as operações na pedreira, não havia eletricidade e nem maquinário, o que hoje é tido como essencial para a extração das pedras. Segundo João e Luciano, todas as operações eram manuais e com o “picão”, como é chamada a picareta de duas pontas.

O trajeto para chegar na localidade também era precário, dificultando ainda mais os trabalhos. Atualmente, boa parte dele já está pavimentado, além da constante manutenção do trecho de chão batido.

Hoje, a situação está melhor se comparado há quase cinco décadas. Desde meados de 2007, pai e filho conseguiram obter os maquinários que facilitaram o trabalho realizado. Devido aos novos equipamentos e funcionários, são extraídos, por semana, cerca de 200m³ de pedras, usadas nas obras de Parobé e de outros municípios do Rio Grande do Sul.

Antes, quando o trabalho era manual, eram retirados cerca de 100m³, dependendo do movimento na pedreira. Se esse trabalho manual fosse retomado, não haveria condições de suprir a demanda. Por exemplo, em 2021, de acordo com Luciano, houve aumento na demanda por materiais de construção. O faturamento aumentou em 40% em comparação com a média dos anos anteriores. Porém, ainda há o problema do aumento dos combustíveis, que acaba reduzindo a margem de lucro dos fretes.

Atualmente, três empresas operam no Morro da Pedra. Luciano e João são donos de uma das operadoras. Todas regularizadas e que seguem as normas ambientais, como o plantio de árvores nos locais onde foram feitos as extrações e o preenchimento das escavações com terra, evitando deslizamentos.

A projeção atual é de que essa pedreira no Morro da Pedra deva ser explorada por, no mínimo, 10 anos, que é o tempo previsto pelas empresas extratoras, que o material disponível deva ser retirado. João e Luciano comentaram que, para que a tradição familiar seja mantida, o neto já está sendo ensinado sobre como os trabalhos são realizados.

A localidade de Morro da Pedra, de acordo com registros históricos, é chamada assim devido a uma grande pedra que havia às margens do rio dos Sinos, a qual era utilizada como ponto de referência pelos comerciantes que trafegavam pela região. Hoje, é conhecida popularmente pelas pedreiras construídas na região e pelo barulho típico de equipamentos utilizados na escavação e corte de materiais.