Parobé 40 anos: As parteiras de Parobé que marcaram gerações

À direita da imagem, dona Ana em registro feito entre as décadas de 1910 e 1930; à esquerda, Ana em ensaio fotográfico Fotos: Trilhando a História de Parobé.

Uma cultura que se perpetuou quando Parobé ainda fazia parte de Taquara era o trabalho das parteiras. Ainda que com poucos recursos médicos na região, essas profissionais foram fundamentais na época e realizaram inúmeros nascimentos em Parobé, entre as décadas de 20 e 80.
Conforme Maicon Leite, morador do município, estudante de história na FACCAT — Faculdades Integradas de Taquara e criador da página Trilhando a História de Parobé no Facebook, através de suas pesquisas foi possível descobrir a existência de quatro parteiras na cidade: dona Ana (representada na foto ao lado), Olinda, Geralda e Dulce Altenhofen, a única que se tem conhecimento do sobrenome.
Leite conta que as parteiras eram uma alternativa mais ágil para as famílias, pois a locomoção até um hospital — que existia apenas em Taquara — poderia causar transtornos no nascimento. “Era uma tarefa complicada sair de casa para buscar ajuda em um hospital, pela distância e pelos meios de locomoção, que nem todos tinham. Por isso eram chamadas as parteiras”, explica.
No livro “As Parteiras” de Elma Sant’ana, curiosidades sobre o ofício no Rio Grande do Sul são detalhadas. “Antes da criação da Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1898, a primeira no Estado, havia o Curso Livre de Partos”, destaca a obra. Contudo, segundo informações do livro Aspectos Históricos da Obstetrícia Gaúcha (1992), os cursos foram extintos por lei em 1925.

Dona Dulce: até hoje lembrada

 Maria Goreti Martins é moradora de Parobé desde que nasceu e lembra de Dona Dulce Altenhofen com carinho, pois foi a parteira que ajudou em seu nascimento, em 1966. “Meus pais contavam que chamaram a Dona Dulce para fazer o parto. Mais tarde, quando fui trabalhar na Azaleia com 14 anos, encontrei ela, que era enfermeira na empresa naquela época. Foi muito emocionante para mim, encontrar ela, porque foi pelas mãos dela que vim ao mundo. Foi a primeira pessoa que me pegou no colo”, relata.
Na época também se mantinha a tradição de se enterrar o umbigo. Uma espécie de simpatia que segundo os mais velhos, “definiria o futuro da criança”. Maria conta que o seu foi enterrado na antiga casa onde morava com sua família, na avenida Artuíno Arsand.