Parobé 40 anos: a relação da família Schirmer com a igreja de Santa Cristina

Templo religioso tem mais de 100 anos e carrega inúmeras histórias; Erminda Schirmer com a lembrança de batismo de um dos seus irmãos batizados na igreja Fotos: Weslei Fillmann/ Lilian Moraes

O batismo é um dos sacramentos da igreja católica. É através dele que fiéis iniciam sua trajetória de fé, mantendo um vínculo com a religião e transmitindo os ensinamentos ao longo dos anos.
Na família do senhor Ceara José Schirmer e da dona Maria de Lurdes Farias, parobeenses de nascimento, a ligação com a religião — mais especificamente com a igreja de Santa Cristina do Pinhal — transcendeu gerações. Isso porque, além do casal, dez filhos e uma neta batizada em 2004, receberam o sacramento na mesma igreja, conservando assim uma história duradoura da família para com a paróquia. Relação essa foi comentada por Eminda Schirmer, a mais nova dos irmãos. “Meu pai era natural do Pinhal e minha mãe morava no Morro Negro, então eles se casaram e a igreja matriz que se frequentava era a de Santa Cristina. Existia toda uma tradição de ir à missa na primeira sexta-feira do mês, no primeiro domingo. E eles iam. Faziam o trajeto caminhando, o que dava uns bons, 2 ou 3 quilômetros da localidade de onde nós morávamos até a igreja”, conta.
Anos depois, após um movimento do padre Inácio Schabarum, que permaneceu como líder religioso em Santa Cristina por 18 anos, a integrante da família Schirmer retornou ao local e batizou a filha Ana Clara. “Por volta dos anos 2000 tinha um padre lá, organizou um resgate dos ‘filhos de Santa Cristina’ como ele mesmo se referia e nessa onda, nós batizamos a minha filha lá, com o padre Inácio”, explica Erminda.
Além do batismo, os irmãos também passaram a Primeira Comunhão na igreja, sacramento que marca a entrega do “Corpo e Sangue de Cristo sob a forma de pão e vinho”, conforme regem os ensinamentos religiosos da Comunidade Católica. Esse fato também revisita outro acontecimento curioso envolvendo o elo da família com a religião, pois todas as celebrações foram conduzidas pelo Padre Afonso Kist, a primeira em 1957 e a última em 1975, com alguns intervalos durante esse período.

Igreja com mais de 100 anos e
padre que marcou época na comunidade

A igreja de Santa Cristina foi inaugurada em 1853 após a expansão da comunidade na época. De acordo com registros históricos, o prédio começou a ser edificado em 1847 sendo utilizados óleo de baleia (vindo de Laguna, Santa Catarina), barro e pedras na sua construção, com paredes que acabaram ficando com cerca de um metro de largura. No país, segundo estudiosos, existem apenas duas igrejas com o mesmo nome.
Durante os seus mais de 150 anos, inúmeros padres passaram pela comunidade e ficaram marcados na história. Entre, eles está o sempre lembrado Inácio (citado anteriormente), que ficou por mais de uma década em Santa Cristina, deixando um legado de fé, tanto para moradores do interior de Parobé quanto para visitantes.
A reportagem do Grupo Repercussão conseguiu contato com Schabarum, que atualmente tem 69 anos e mora com os pais em Picada Café.
Por conta de problemas de saúde, o padre não pôde mais assumir nenhuma paróquia, mas lembra com carinho da época que esteve em Santa Cristina, relembrando a acolhida proporcionada pela igreja especialmente no que diz respeito aos batismos realizados, pois no local, as exigências com relação à forma com que a celebração acontece é diferente.
No Pinhal, não é necessário que as pessoas paguem uma taxa em dinheiro, geralmente cobrada nas igrejas católicas. “Eu conversei com os padres de Taquara e Parobé na época para encontrarmos uma solução para poder acolher esse pessoal que não mantinha um vínculo com uma igreja específica. Eles aprovaram, disseram para eu fazer dessa forma, para que as pessoas tivessem uma oportunidade, sem ter que passar por toda a burocracia necessária, normalmente exigida nestes casos. Então, proporcionamos essa proximidade. Por isso, muitas pessoas voltavam para a igreja”, conta.
Segundo o padre, essa construção de vínculo foi um aspecto positivo e colaborou também para o desenvolvimento da comunidade no que diz respeito à estrutura. O retorno da população, em forma de contato, aconteceu de maneira natural no decorrer do tempo, e fez com que as pessoas contribuíssem com valores em dinheiro, ajudando na construção e manutenção da igreja.