Museu Arqueológico, em Taquara, precisa de R$ 5 milhões para reabertura

Grande parte dos materiais estão mantidos em caixas, organizadas em diversas prateleiras em um dos anexos. Fotos: Matheus de Oliveira

Taquara – Há pelo menos 11 anos o Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (Marsul) está com as portas fechadas para a comunidade. A falta de investimentos no local resultou em uma profunda deterioração da estrutura, que hoje precisa de cerca de R$ 3,5 milhões para voltar a receber visitantes, conforme o historiador e arqueólogo Antônio Carlos Soares, diretor da instituição. “Além desse valor, trabalhamos ainda com um segundo projeto, de R$ 1,5 milhões, que vai possibilitar a realização do inventário das milhares de peças que estão guardadas”, explica Soares. São necessários profissionais como museólogos, arquivistas e historiadores para a execução desta etapa, que exige um trabalho minucioso.

Localizado no Km 4, na ERS-020, o prédio de cerca de 1.500 m² está situado em uma área de 5,6 hectares, cedida ao Estado pela prefeitura. O local funciona hoje apenas para pesquisadores que solicitam acesso ao acervo, que conta com mais de 3 milhões de peças. “A reforma do prédio vai começar pela parte mais afetada pelo tempo”, explica o diretor do museu, se referindo ao anexo, hoje fechado, onde aconteciam as exposições. Soares é o único funcionário contratado pelo Estado para cuidar do local.

Empresas podem auxiliar na reabertura do local através da Lei de Incentivo

Hoje o museu conta com a curadoria da Surya Projetos, empresa especializada em patrimônio histórico contratada pelo Governo do Estado. Segundo Clarice Ficagna, diretora de projetos da Surya, as empresas agora podem investir no Marsul através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), que garante a dedução do Imposto de Renda dos valores que forem alocados. “Trata-se de um patrimônio do Estado riquíssimo e que não deve ser colocado de lado. Estamos contando com todo o apoio da Secretaria Estadual da Cultura e temos até o fim do ano para buscarmos patrocinadores ou apoiadores para alavancarmos o museu. Trata-se de um bem de toda a sociedade gaúcha. Estamos em meio a um debate sobre preservação do patrimônio histórico e cultural, e o Marsul, certamente, é um dos projetos mais importantes e com enorme potencial”, destaca a diretora.

Contexto de formação do acervo

O acervo do Marsul se formou em um contexto de profissionalização da arqueologia no Brasil. A afirmação é do diretor do museu, Antônio Soares, que relembra que as primeiras graduações em arqueologia surgiram no período das pesquisas dirigidas por Eurico Miller, entre os anos de 1960 e 1980, que deram origem à instituição. Outro nome importante nessa história é do arqueólogo André Luiz Jacobus, que esteve à frente do museu entre 1990 e 2000. Fundado em 12 de agosto de 1966 por Miller, o local conta com peças oriundas de escavações em sítio pré-coloniais da Bacia Amazônica e de todas as regiões do Rio Grande do Sul.

O acervo é formado, majoritariamente, por material arqueológico Guarani, especialmente a cerâmica característica dessa etnia. Além disso, há também materiais líticos e ósseos com data anterior ao contato das tribos com o europeu. A maioria destes itens se encontram guardados em caixas, espalhados em prateleiras em um dos anexos do prédio. Soares explica que o ambiente onde atualmente são mantidas as peças não é o mais apropriado para uma boa conservação dos materiais.