Mulheres voltam a ter mandato na Câmara de Rolante depois de 27 anos

Professora Simone, à esquerda, e professora Biba, à direita Foto: Divulgação

Região – Demorou quase três décadas para que as mulheres voltassem a ocupar as cadeiras do Legislativo de Rolante. O último e único mandato feminino exercido no município até então foi da professora Marlene Terezinha Petry, que deixou o cargo em 1993. O feito alcançado no pleito de 2020 é de duas professoras: Bibiana da Silva e Simone Tadiotto, ambas filiadas ao PSB, eleitas com 401 e 371 votos, respectivamente.

 

Estreante na política, Bibiana da Silva avalia o resultado como uma grande conquista. “Atuo na educação, então tive a parceria dos pais em reconhecimento ao nosso trabalho. A comunidade abraçou junto essa campanha”, declara. Aos 46 anos de idade, a vereadora eleita e vice-diretora da EMEI Meu Cantinho projeta um mandato de muito trabalho. Entre suas pautas estão a construção de um centro cultural, melhorias nos acessos ao interior da cidade, fortalecimento das pequenas propriedades agrícolas, ampliação do atendimento em pediatria e execução de projetos dentro da área da educação.

 

Já a professora Simone chega ao parlamento com a bagagem de ter sido secretária de Educação durante seis anos e ter assumido temporariamente como suplente uma vaga na Câmara em 2019, pela coligação PDT, PT e PP. “Vejo que as mulheres precisam persistir. Eu e a Biba (Bibiana) somos representantes para que mais delas venham para a política”, pontua. Entre seus projetos, a professora destaca a necessidade de uma colônia de férias para as crianças em janeiro, já que a economia do município gira em torno do calçado e muitos pais não têm onde deixar os filhos neste período. “É para auxiliar os pais que precisam trabalhar”, explica.

 

Apesar do feito…

Embora as mulheres tenham conquistado seu espaço em Rolante, o número de vereadoras eleitas na região em 2020 diminuiu 30% em relação a 2016. Três Coroas e Parobé, que contavam com dois mandatos femininos cada, não elegeram nenhuma mulher. Igrejinha e Riozinho, diferente da última legislatura, terão uma representante feminina em suas câmaras. Taquara diminuiu de seis para três o número de vereadoras para o próximo mandato. A queda no índice não traça paralelos com o gênero do eleitorado, já que em cinco das seis cidades do Paranhana mais de 50% dos votantes são mulheres, de acordo com o TSE. Apenas Riozinho tem mais homens como eleitores.

Igrejinha e Riozinho também com mulheres

Única mulher eleita vereadora em Igrejinha, a professora Diana Spohr (PSB) conta que o resultado foi motivo de muita alegria. “É uma grande conquista representar mulheres que não têm oportunidade de chegar lá”, destaca. Atualmente diretora da EMEF João Darcy Rheinheimer, Diana diz que quando levava seus alunos para apresentações no plenário da Câmara, olhava para a galeria de mulheres eleitas e lá se imaginava. “Tinha apenas cinco quadros. Comecei a mentalizar que queria o meu lá”, relembra.

Em Riozinho é a empresária Carla Lindol (PDT) que garantiu espaço no Legislativo. “Tive muita ajuda, principalmente de mulheres jovens que entendiam que a gente precisava de uma mulher, de representatividade feminina”, destaca. “Agora a gente precisa lutar e mostrar que a mulher tem, sim, vez na política. Ainda existe um preconceito muito grande e quero mostrar que temos qualidade e voz. Sinto que tenho essa responsabilidade”, acrescenta.

Cada vez mais participação

Nos últimos anos, o Brasil tem vivenciado um progresso no debate sobre a participação feminina na política. Um dos diferenciais presentes nas eleições deste ano foi a obrigatoriedade de que cada partido indicasse, individualmente, 30% de mulheres filiadas para concorrer, já que as coligações proporcionais não são mais permitidas pela Justiça Eleitoral. Além disso, pelo menos 30% dos recursos do Fundo Partidário foram encaminhados exclusivamente às campanhas femininas, seguindo a Resolução nº 23.607 do Tribunal Superior Eleitoral.

Professora Sirlei entra para a história como primeira mulher a assumir a Prefeitura de
Taquara e fala em grande responsabilidade

Após 134 anos sendo comandada por prefeitos, Taquara terá a partir de 2021 a primeira prefeita. Sirlei Silveira (PSB) avalia que a mulher está ocupando cada vez mais espaço e tendo o reconhecimento de sua capacidade de gestão.

“Para mim é uma grande responsabilidade. Ser a primeira mulher prefeita não me dá chance pro erro”, enfatiza. Sirlei, que aposta na transparência e no diálogo com a comunidade para governar, ressalta que terá pautas relacionadas à mulher. Entre elas, cita a criação de uma casa de passagem para vítimas de agressão e fortalecimento do Conselho da Mulher. “Queremos que mulheres se sintam motivadas para empreender. Precisamos trazer a mulher para o protagonismo que ela merece”, conclui.