Moradores se mobilizam contra instalação de presídio no Quilômetro 4, em Taquara

Faixa em frente ao prédi do Marsul, no Quilômetro 4. Foto: Matheus de Oliveira

Taquara – A possibilidade de construção de um novo presídio estadual na região voltou a ser motivo de protestos dos moradores do Quilômetro 4. O debate reacendeu após uma recente reunião entre prefeitos do Vale do Paranhana para tratar do assunto.

A comunidade do local teme que a instalação aconteça no terreno anexo ao Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul (Marsul). “Faz tempo que estamos nisso. A atual administração é a favor de um presídio regional. Já nos garantiram que isso não vai acontecer aqui, mas nós ficamos sempre em vigília”, relata Rogério Ott, representante da Associação de Moradores do Quilômetro 4.

Outro ponto que despertou inquietação dos moradores é a falta de roçada no terreno do museu, que até o fim de 2020 era realizada pela Prefeitura. Rogério explica que uma cláusula do contrato com o Estado prevê que a área seja devolvida ao município caso o Marsul pare de funcionar. “A gente quer primeiro essa limpeza. Não queremos que o museu fique esquecido”.

Em nota, a Secretaria de Obras esclarece que desde a última semana os atendimentos ficaram restritos a demandas urgentes porque colaboradores da pasta foram diagnosticados com covid-19. Se não houver mais imprevistos, o cronograma atual de serviços prevê que o local seja atendido nos próximos dez dias, conforme a secretaria.

Diretor afirma que devolução do Marsul está fora de cogitação e que museu não está abandonado
A fala é do diretor do Marsul, Antônio Soares. Segundo ele, desde 2014 esta cláusula de reversão parece estar em tela. “Somos totalmente contra a instalação de presídio aqui. Muitas pessoas espalham que o Marsul está abandonado e esse discurso é voltado para essa cláusula, que nem deveria estar em debate.”

Não há local determinado
Em nota, a Prefeitura de Taquara informa que, durante a reunião da Associação dos Município do Vale do Paranhana (Ampara), foi unânime o entendimento entre os prefeitos de que “a superlotação do Presídio Estadual de Taquara afeta diretamente a segurança da população dos municípios do Paranhana, uma vez que represa por vários dias consecutivos nas delegacias os detidos que deveriam ser encaminhados para o sistema prisional de forma imediata.” Ainda, diz que em nenhum momento se discutiu o local do novo presídio a ser construído. “A pauta retornará, assim que possível, a ser discutida pela associação, sendo a comunidade deixada a par de cada decisão.”

Fique por dentro
Antônio ressalta que todas as determinações do processo judicial envolvendo a gestão do espaço estão sendo cumpridas. “Temos um técnico como diretor; estamos buscando uma empresa para fazer revisão da parte elétrica; e temos outra fazendo o inventário dos bens, além de curadoria do acervo”, elenca. Ele destaca ainda que o Marsul conta com vigilância 24 horas, colaboradores de limpeza e manutenção predial. “Depois do incêndio do museu nacional, temos um dos maiores e mais importantes acervos do Brasil”, valoriza o historiador.

O museu fica em um terreno de 5,6 hectares, no Quilômetro 4, às margens da ERS-020. A área foi cedida pela Prefeitura ao Estado para construção da estrutura em meados dos anos 70.